Consola carregar nas teclas do teclado
Sem reserva das palavras, que se escrevem...
Consola, sempre que a razão, do nosso lado
Deixar que elas voem pra quem servem...
Consola ser livre! Digam lá se não consola?
Dar voz à nossa alma e liberdade ao pensamento
Sem temores dos poderes do momento...
Entre a poesia e a prosa. Foram estas as minhas escolhas para levar às pessoas, que possam ter alguma paciência para seguir a minha escrita! Embora pelos vistos, algumas delas, ironicamente tenham sugerido, que pelo facto de ter alimentado a esperança e apoio na candidatura da pessoa de Marco Martins para a Presidência da Câmara Municipal da Praia da Vitória e, considerando a derrota do mesmo, devia a partir de agora resignar-me a ser apenas poeta... Isto, como se fosse razão óbvia para me privar do consolo da minha liberdade!
Não fui candidato a nada, ex-militante de um partido, mas afastado, por razões já bem explícitas em vários artigos de opinião, logo, livre para expressar, desde que educadamente e no respeito pelo outro, tudo aquilo que achar ser a melhor estratégia e modo de governança para a minha cidade da Praia da Vitória, criticando ou sugerindo, aplaudindo quando merecido.
Gosto de expressar os meus sentires através da poesia e as minhas preocupações de âmbito político nas crónicas ou artigos de opinião, trazidos nas redes sociais ou alguns jornais da região.
Gosto da política. Durante os últimos cinquenta anos, direta ou indiretamente, andei envolvido nas suas andanças...
Não foi por acaso que em 1975, fui convidado pelo então Presidente da Comissão Política da Ilha Terceira, José Manuel Bettencourt, a fazer parte da chamada "Comissão de Admissão". Semanalmente essa comissão reunia-se na sede do PPD na Rua do Galo, a fim de analisar com a devida atenção todas as propostas recebidas, daqueles/as que livremente queriam ser admitidos como militantes. Havia rigor, disciplina e empenho em fazer parte da equipa Social democrata. Hoje, nem sei se existe "Comissão de Admissão"! Será que é certo, que para se ganharem eleições, admitem-se e inscrevem-se militantes de qualquer maneira e em qualquer lugar? É grave demais para ser verdade, e deveras ofensivo a velhas glórias do PPD (deixem passar o termo), tais como, Melo Alves (já falecido), José Manuel Bettencourt, Aurélio da Fonseca, António Meneses, Borges de Carvalho, Alvarino Pinheiro e tantos outros, meus companheiros desse tempo, nas lutas e nas conquistas pelos direitos à liberdade de opinião e de ação política. Referência especial ao Dr. Cunha de Oliveira, com quem tanto aprendi através das suas palestras, repletas de conhecimento e de sabedoria.
É dito e sabido que os partidos precisam de renovação e, essa só se faz com gente nova. No entanto, devem os mesmos tomar consciência de que ingressam nos partidos para exercer serviço público e não para se governarem... Usando uma linguagem metafórica, honrar a camisola que vestem, com a dignidade que a mesma merece! Não quererem logo de início fazer parte da equipa principal, porque acham que são os melhores. Mais do que tudo, não quererem singrar a qualquer custo, mesmo que tenham que magoar o companheiro...
A política e por consequência os partidos estão progressivamente a ficar desacreditados! Nestas recentes eleições autárquicas, basta olharmos para Santa Cruz das flores e Ponta Delgada. Os movimentos de cidadãos independentes conquistaram uma Câmara e conseguiram um êxito inesperado noutra. Tem de haver na verdade uma renovação nos partidos democráticos, mas que não seja só nas pessoas. Sobretudo nas ideias e nos comportamentos, como dignos representantes da sociedade que lideram!
Apesar de tudo, ainda são os partidos, o melhor sistema para que a democracia sobreviva!
Fernando Mendonça


