Diretor: Sebastião Lima
Diretora Adjunta: Carla Félix
Últimas Notícias

Estamos a menos de seis meses de um novo acto eleitoral. Num momento particularmente conturbado da política partidária em Portugal, aguarda-se, com grande expectativa a resposta que os eleitores darão a esta nova ida às urnas. Sabendo-se que se trata de eleger aqueles que estão mais perto, e que, por força disso, são alvo de um maior conhecimento pessoal, espera-se que a abstenção baixe em relação a anteriores votações.

Aquilo que se deseja é que, sempre que possível, o exercício das responsabilidades públicas seja assumido pelas autoridades mais próximas dos cidadãos. A actividade das autarquias locais é acompanhada diariamente pelos munícipes pelo que é possível terem opinião formada sobre o desempenho de cada um dos seus eleitos. Da parte dos eleitores, espera-se que interpelem os autarcas, sempre que acharem necessário, seja em contactos directos ou em participação nas Assembleias de Freguesia ou Municipal.

Nas noites eleitorais, os canais televisivos recorrem a diversos especialistas com o intuito de encontrarem explicações para resultados do voto popular nas autarquias mais mediáticas. Há casos que apenas são entendíveis por quem vive de perto a realidade de cada uma dessas localidades escapando, por isso, à compreensão desses expert.

Uma das situações mais paradigmáticas é a de Oeiras onde Isaltino Morais é eleito e aclamado, seja integrado em listas partidárias ou como independente. Acusado, julgado e condenado por crimes de fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais, Isaltino demonstra ser um hábil jogador de Monopólio guardando a carta “Você está livre da prisão” e voltando à “Casa da partida” as vezes que forem necessárias, acumulando sempre os “dois contos”.

Muitos são aqueles que criticam os sucessivos vídeos de Isaltino nas redes sociais promovendo restaurantes e negócios diversos do concelho de Oeiras, mas muitos mais são aqueles que, espalhados pelo país, gostariam de ter um Presidente de Câmara que, no mínimo, fizesse uma visita às empresas do seu concelho. Não concordando com os métodos fraudulentos de Isaltino Morais, é inegável que o brilhante desenvolvimento de Oeiras tem a sua assinatura, mas nem por isso achamos que os fins justificam os meios.

Em Ponta Delgada, bastaram quatro anos para que uma cidade movimentada fosse transformada num deserto com dezenas de estabelecimentos comerciais a encerrarem a sua actividade. A ideia de uma cidade sem carros, que, em teoria, a todos agrada, foi concretizada. Não só deixou de ter carros como também deixou de ter pessoas. É impressionante como continuam a existir crenças de que os hábitos dos consumidores se mudam por decretos.

Aparentemente, graças aos apoios financeiros da Câmara Municipal de Ponta Delgada, esta cidade livrou-se de ficar sem carros, sem pessoas e sem Festas de Santo Cristo e do Espírito Santo. A presença da foto de Pedro Nascimento Cabral nos mupis, durante o Santo Cristo e o Espírito Santo, consiste, segundo o próprio, numa brincadeira, podendo qualquer transeunte que “não queira ver a cara do Presidente da Câmara” basta tocar no mupi e mudar a imagem. É de realçar o sentido de humor revelado em brincadeiras em nome pessoal, mesmo que suportadas financeiramente pelo colectivo, pois a boa disposição é fundamental para o desenvolvimento das comunidades.

Exemplos de boa e má gestão encontram-se um pouco por todo o país, pelo que é importante reflectirmos e percebermos por quem queremos ser liderados nos próximos quatro anos. À frente de cada autarquia, necessitamos de gente que use menos o “eu” e muito mais o “nós”. Precisamos de quem oiça mais e fale mais, com mais gente, em privado ou em público, mas não apenas na presença de microfones.

Em todos os concelhos, temos de procurar, como cantou José Cid, que “o povo saia à rua com a alegria que costumava ter” e que “o rei venha à praça, para nos conhecer”, mas que não seja apenas no dia em que o rei faz anos.

Luís Vasco Cunha

Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.

*ZONA FRANCA discorda ortograficamente

Pin It

Acerca do Jornal da Praia

Este jornal é um quinzenário de informação geral que tem por objetivo a divulgação de factos, opiniões, debates, ideias, pessoas, tendências, sensibilidades, em todos os domínios que possam ser importantes para a construção de uma sociedade mais justa, livre, culta, inconformada e criativa na Região Autónoma dos Açores.

Este jornal empenha-se fortemente na unidade efetiva entre todas as ilhas dos Açores, independentemente da sua dimensão e número de residentes, podendo mesmo dar atenção primordial às ilhas de menores recursos, desde que tal postura não prejudique a implantação global do quinzenário no arquipélago dos Açores.

Área do assinante