Quem é amante de um bom café, logo pela manhã, e a troca de algumas palavras com quem vai encontrando no entra e sai apressado para o trabalho ou com quem aproveita os dias da sua reforma para confraternizar, sabe bem o valor da expressão: Bom dia! Um café se faz favor...
A nossa Praia tem vindo a perder com o tempo estabelecimentos comerciais denominados por “Cafés” por serem já parte das vivências da população. Muitos encerraram, ainda antes de eu ser nascida, ou de tenra idade.
Recordo o primeiro café a fechar, a pastelaria ou cervejaria “Ancora” ou conhecida como o café do Sr. Emilhinho localizado na Avenida Martins Homem . Neste café homens do mar bebiam o seu café antes de partir para a labuta. Abriam as suas portas antes das seis da manhã para garantir a satisfação dos seus clientes.
No outro lado da rua o Café do Sr. José Ribeiro, inicialmente do pai passou para o filho: o Sr. Adriano. Mantendo-se aberto até o início de 2024. Recentemente fechado deixou um vazio no espaço e no hábito de quem o frequentava. Era considerado um dos melhores cafés da nossa cidade, pela qualidade e gosto da bebida.
Há poucas semanas outro espaço de convívio social fecha portas ainda com futuro incerto “ O Bar Vouga”, situado na Rua Dr. Alexandre Ramos. O café deste espaço também era considerado dos melhores da cidade. Neste espaço havia um forte convívio, em especial com os homens da Praia.
Tenho na lembrança e com carinho especial o antigo Café Teresinha dos irmãos Sr. Cipriano e José Vitorino, que frequentava com o meu avô. As vitrines de madeira no interior do espaço onde guardavam os sacos das batatas fritas caseiras e os chocolates Regina. O café coado pela vizinha Natália que era transportada em grandes cafeteiras para servir aos clientes.
Ainda sinto o cheiro que ficava na casa com a borra do café que estava num coador de tecido, em forma de funil sem fundo aberto. Posteriormente, deixou de ser servido e substituído definitivamente pela máquina de café. Os lados das paredes eram preenchidos com vitrines recheadas de garrafas de vinho. Era lá que conviviam e falavam do que ia acontecendo no nosso dia a dia. O Cantinho do Teresinha tecia opiniões e comentários,
que ficavam registados no nosso Jornal da Praia.
Subindo a Ladeira de São Francisco o Clube do Sport Clube Praiense, também tinha uma forte atividade social. Era lá que conviviam e jogavam às cartas os nossos avós. Também existiam as noites de bingo com o Sr. Elói que aconteciam com frequência, animando os serões das gentes da Praia. Os bailes deste clube e os jantares eram frequentes.
Outros espaços existiram, nem todos consigo recordar. Retenho mais alguns nomes: Café do Texas, O Arcada, O Café do Clube do União Praiense,...
Hoje são memória e novos espaços de café vão surgindo, em outras ruas com outros nomes e outras pessoas... Criando novas estórias para quem os frequenta e com outras necessidades sociais...
Carla Félix, Diretora Adjunta
