Diretor: Sebastião Lima
Diretora Adjunta: Carla Félix
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Recentemente a ilha Terceira, os Açores e Portugal, perderam um grande poeta, escritor, dramaturgo e ensaísta, José Henrique Álamo de Oliveira, mais conhecido por Álamo de Oliveira,

estrela impar da literatura açoriana, que certamente continuará a brilhar ao longo dos tempos, e os seus excelentes préstimos no campo das letras, permite-nos dizer que “da lei da morte se liberta”, e será sempre atractiva a leitura das suas obras culturais de grande valor, e que agora mais do que nunca deverão ser divulgadas a nível escolar.

O lema das festas da Praia da Vitória “teu chão de lava, teu saber a mar”, transfigura-se numa teia de interligações oceânicas e telúricas, que nos fixa à terra açoriana, ninho da nossa essência e que preenche as nossas veias de lava e crava o nosso olhar em horizontes de maresia risonha, gerando liberdade, como o ar de que necessitamos.

As festas da Praia da Vitória, que decorreram entre os dias 1 e 11 de Agosto, no seu excelente cortejo de abertura, homenageou Álamo de Oliveira, citando-o: “sempre que posso deixo uma gaivota desenhar-me a alma”, aliás, como não podia deixar de ser.

Álamo de Oliveira, nasceu na freguesia do Raminho, concelho de Angra do Heroísmo, a 2 de Maio de 1945, e faleceu no dia 6 de Julho de 2025, aos 80 anos e deixa um legado vasto, uma obra profunda “feita de raízes e diáspora, memória e incessante curiosidade humana”.

Álamo de Oliveira, publicou cerca de 40 livros, entre poesia, romance, teatro, conto e ensaio, muitos traduzidos para idiomas, como o inglês, francês, espanhol, italiano, esloveno, croata e japonês. Realçam-se obras como: Até Hoje – Memórias de Cão, vencedor do prémio Maré Viva, em 1985, Já Não Gosto de Chocolates”, traduzido e publicado nos Estados Unidos da América e no Japão, e A Solidão da Casa do Regalo, premiado com o Prémio Almeida-Garrett, em 1999. No ano de 2002, foi o primeiro autor português a ser convidado como “escritor do semestre”, pela Universidade da Califórnia, em Berkeley, onde lecionou a sua própria obra.

Álamo de Oliveira, foi sócio fundador em 1976 do Grupo de Teatro Alpendre – o mais antigo dos Açores - onde foi director artístico e encenador, elevando a dramaturgia local e dando voz a novos autores açorianos. Trabalhou ao longo de décadas em departamentos culturais e comunitários nos Açores, colaborando ainda na diáspora com emigrantes e descendentes, “retratando suas histórias com sensibilidade e fidelidade literária”.

Teve várias incursões na área das artes plásticas, exposições individuais e colectivas em Angra, Ponta Delgada, Lisboa, Porto e Guiné-Bissau, nas décadas de 60 a 80, e criou mais de uma centena de capas para livros.

Recebeu a insígnia Autonómica de Reconhecimento pelo Governo dos Açores e o grau de Comendador da Ordem do Mérito, a 10 de Junho de 2010, da Presidência da República.

Que este editorial sirva como homenagem a um homem, cuja voz cultivou gerações, “voz que transformou a ilha em palavra” e enriqueceu a literatura açoriana.

Agradecemos ao Álamo, o bom legado que nos deixou e a boa influência que exerceu entre nós, e que Deus o acolha na sua comunhão, concedendo-lhe o eterno descanso nos esplendores da luz perpétua.

Sebastião Lima, Diretor

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