A Praia da Vitória foi elevada a cidade pelo Decreto Regional n.º 7/81/A assinado a 20 de Junho de 1981. Nesse decreto estão justificações como “capitania ali assente desde 1474”, “igreja matriz desde 1456”, “Ilustre pelo combate de 11 de Agosto de 1829” e “importantes instalações aeronáuticas e militares que na Base das Lajes têm o seu centro, com a conhecida projecção internacional”.
Adianta ainda que “As perspectivas do seu futuro passam pelo aproveitamento de importantes aptidões portuárias, já programado, que fará dela, possivelmente, o principal centro económico da ilha Terceira” (Pêra aí, o quê?!). Passando à frente e antes de mais, parabéns ao concelho da Praia da Vitória, a todos os Praienses, e em especial àqueles que exerceram ou exercem cargos nos seus inúmeros orgãos politicos e associações/instiuições. Viva a Praia!
Jornal da Praia “nasce” menos de um ano depois, num ímpeto de ajudar a projectar ainda mais a cidade. Elas fazem-se de muitas coisas e estamos convictos que uma cidade é muito melhor com orgãos de comunicação social, e a nossa, felizmente, ainda tem um jornal quinzenário em versão papel (além da digital). E, não sendo uma função do estado, é, na nossa óptica, um dever do estado proteger e apoiar a imprensa livre. É nossa missão transmitir a todos que a Praia da Vitória não está destinada ao desastre, e tem muito mais valor do que muita vezes se faz transparecer (propositadamente ou não).
Desta vez evitaremos ao máximo comparações a outros concelhos. Nas nossas freguesias existe muita gente de valor, cujo contributo deve ser valorizado. Temos sediada uma das maiores PMEs (pequena média empresa) de Portugal, desportivamente temos pódios e campeões regionais e nacionais, como na natação e ténis de mesa (vai Juncal!), temos a organização de campeonatos internacionais (como o Windsurf via Clube Naval) e o já famigerado “torneio do Ramo Grande” (organizado pelo dinâmico Juventude Desportiva Lajense). A nível cultural temos inúmeras instituições e eventos, com uma forte tendência musical que se faz sentir nas filarmónicas e no nosso Carnaval (sai-te covid estupô!). Temos baías e zonas balneares ímpares, temos trilhos, temos hoteis, restaurantes e gente a apostar no turismo. Faltam coisas, mas falta sobretudo a vontade dos governantes em ajudar este concelho a crescer em vez de “morrer à mingua” (a ver vamos se melhora).
É um assunto gigante, demais para um parágrafo ou editorial, mas não podemos deixar de contextualizar que o concelho da Praia da Vitória perdeu milhares de “habitantes” e investimento desde os anos 90 até agora, com a saida progressiva de militares e civis Portugueses e Norte Americanos da Base das Lajes. Nunca recebemos qualquer medida compensatória digna desse nome. Um executivo camarário só pode fazer o que está ao seu alcance, mas as medidas estruturais estão, na maioria das vezes, na alçada do governo regional ou nacional. Por mais condições de atracção e desenvolvimento que a Câmara Municipal crie não pode “plantar” pessoas... Infelizmente, históricamente, temos assistido a uma passividade dos deputados e governantes Terceirenses (em especial Praienses) relativamente à Praia da Vitória, que pura e simplesmente não é compreensível ou aceitável. Após a dramática redução na Base das Lajes, e com muita pompa e cirscunstância, apareceu um plano de investimento (PREIT), que, pelo menos no nosso concelho, pouco ou nada se viu. A única medida efectiva com efeitos práticos (embora não sabendo por quanto tempo), o TERCEIRA TECH ISLAND até foi encabeçada por um Angrense (o ex-vice-presidente do governo dos Açores, Dr. Sérgio Ávila).
Aqui, neste jornal, estamos fartos de pregar que a Praia da Vitória merece ter sediadas funções de nivel regional, fossem elas a Proteção Civil, o Hospital, um Polo da Universidade dos Açores, uma Secretaria, etc. que com elas trouxesse um número estável de trabalhadores/postos de trabalho e movimento de pessoas. É que também isto faz cidades. É verdade que temos a aerogare das Lajes e o porto da Praia da Vitória. Contudo, até função de principal porto naval da ilha já foi desmantelada e parte passada para o concelho vizinho, e em relação à aerogare até estamos surpresos que o terminal de carga (ainda que com falhas) tenha sido construído na Praia... Para terminar, deixamos uma reflexão no ar: Será que existe alguma cidade no mundo que tenha um porto e um aeroporto, tenha o potencial, mas não se desenvolva e empobreça?!
Todos os Portugueses tendem a ser saudosistas (“no meu tempo é que era bom!”), os Terceirenses não fogem à regra e os Praienses não quererão destoar (basta ler alguns textos por aí, até de conterrâneos – basta pesquisar). “Jornal da Praia”, e sobretudo a sua equipa de redacção, também têm (muitas) saudades da sua mocidade nesta cidade. Cada um, à sua maneira, luta contra a lágrima de saudade, seja da vindima, dos bailes, do areal gigante, do policia sinaleiro em Angra, dos festivais da Riviera ou da antiga e concorrida Praia dos Sargentos...
Bom, antes que choremos de saudosismo, resta-nos despedir, entre as memórias do passado, com a garra do presente, e com (muita) esperança no futuro! Como sempre, e desta vez, saudosamente, Aquele Abraço Praiense!
Luis Moniz, Diretor Adjunto