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Jornal da Praia (JP) – O restaurante “O Pescador” é já um ponto de passagem na cidade da Praia da Vitória. Quando é que foi criado?
José Costa (JC) – Este ano, o restaurante faz 35 anos. Abriu em 1989.
Foi um negócio criado de raiz por um casal de Sesimbra, o senhor António e a senhora Gabriela Ruivo que numa viagem aqui às Festas da Praia, andavam a vender sapateias e outros mariscos, acabaram por gostar da Praia da Vitória, ficaram, acabando por então criar este restaurante.
Nos primeiros tempos de funcionamento, abriram uma parte do restaurante apostando numa área da restauração mais marisqueira e depois abriram a outra mais variada. Foram proprietários deste restaurante cerca de 10 anos, até 1999, altura em eu comprei o restaurante.
Quando adquiri, tive a preocupação de não alterar nem inovar dado que “O Pescador” já era considerado uma referência na restauração dos Açores. Isto, porque, os primeiros donos desenvolver um conceito de restauração já inovador para a época, mesmo a nível Açores. Introduziram pratos e maneira de servir inovadoras fez com que o restaurante “O Pescador” fosse conhecido em toda a região, chegando a vir até pessoas de São Miguel cá à Praia da Vitória para comer no restaurante.
Os primeiros proprietários apostaram no marisco e no peixe porque o senhor António possuía também uma traineira que abastecia assim o restaurante. Apostavam no peixe na grelha e possuíam aquários com marisco vivo.
JP – Na página do Tripadvisor pode ler-se vários comentários sobre o restaurante. O comentário “Espaço excelente e muito bem decorado! Atendimento e ambiente excelentes. Funcionários muito simpáticos e colaborantes! Almoçamos o atum e a cataplana de peixe/marisco e posso dizer que estava muito boa! Dos bons restaurantes que os Açores têm!”, é um dos exemplos. A que se deve este sucesso?
JC – O sucesso deve-se principalmente porque “O Pescador” manteve sempre consistência no serviço, nos pratos e na qualidade oferecida. Isto é imprescindível neste tipo de negócio. Mas, esse sucesso deve-se também à equipa que aqui trabalha. Nestes 35 anos, já passaram bastantes pessoas, gerações que aqui já trabalharam, dando sempre o seu melhor, dependendo sempre de quem dirige a sala e de quem está na cozinha, o que não é sempre fácil, eu tento manter sempre a equipa motivada e que tenham orgulho de trabalhar num restaurante que é uma referência na nossa terra.
JP – …pode considerar-se o restaurante “O Pescador” uma referência na restauração nos Açores?
JC – Quando é criado o restaurante “O Pescador” havia pouco por escolher. Atualmente existe uma grande oferta com muita qualidade, mas “O Pescador” conseguiu manter o nível de qualidade e hoje em dia as pessoas que estiveram há 15 anos aqui no restaurante voltam e continuam a gostar. Passou e passam pessoas de várias áreas da sociedade, políticos, artistas, os nossos emigrantes, além do cliente mais importante que nós temos, o cliente local. É uma casa de referência e já com 35 anos temos, poucos com esta idade, mesmo a nível de ilha.
JP – O peixe no restaurante é sem dúvida o rei. Quais as especialidades do restaurante. E qual o prato que as pessoas mais pedem?
JC – Temos uma grande variedade de pratos. O nosso forte é o peixe. O peixe grelhado e os pratos que a que eu chamo de os pratos clássicos da casa que durante estes 35 anos são confecionados da mesma forma, com as cataplanas, a açorda de marisco, o arroz de marisco, as lulas à quilo (ver). São pratos que foram introduzidos na abertura do restaurante e que ainda hoje se mantêm, precisamente iguais. Já passaram por aqui vários chefes que queriam mudar o molho ou a apresentação, mas é uma coisa que não se pode alterar… é o cliente que manda e assim quer e isso também é uma referência do restaurante… é uma receita para que o cliente repita e volte ao restaurante!
O que mais pedem as pessoas é peixe grelhado, as cataplanas também… embora, também, vendemos muitos pratos de carne com destaque para os nossos bifes com diferentes molhos. Utilizamos sempre a carne melhor como a carne da vazia e o fillet tem muita procura. Mas o peixe grelhado e as cataplanas tem mais saída, destacando-se o atum, o espadarte e o boca negra.
Procuramos sempre o peixe mais fresco. Eu próprio vou à lota ou ao fornecedor local conseguindo assim o peixe mais fresco.
JP – Uma outra questão é a associação do conhecido humorista e apresentador do Preço Certo, Fernando Mendes ao restaurante. Como é que surge esta parceria?
JC – O Fernando Mendes é um amigo que tenho há mais 30 anos e é uma pessoa que tem muito carinho pelo “O Pescador” e que fala e dá a cara por esta casa… a amizade que nós temos “não tem preço” e agradecemos esta associação ao restaurante. É uma figura conhecida no nosso país e nos estrangeiros e agradecemos e a amizade que ele tem por esta casa. Só lhe tenho a agradecer!
JP – O José Costa é, sem dúvida, um empresário que trouxe muito desenvolvimento para a Praia da Vitória. Quais os projetos que tem para o futuro?
JC – Bem, já fiz muita coisa. Já tive várias empresas, anos que correram melhor outros que correram pior. Dentro das minhas possibilidades, fiz o que pude pela Praia.
Agora, o futuro é que me interessa. O presente e o futuro passam por estabilizar esta casa, que tenho muito gosto em mantê-la com a mesma qualidade e o mesmo serviço e procurar uma pessoa que me suceda porque já estou a chegar a uma idade que quero descansar… neste momento, estou como as pessoas que venderam-me este restaurante que durante dois anos procuraram uma pessoa a quem pudessem deixar e sabiam que manteria a essência do “O Pescador” e que não ficasse nas mãos de uma qualquer pessoa. Acho que a história e o nome do restaurante “O Pescador” não se constrói facilmente, porque são 35 anos de trabalho duro fruto das pessoas que por aqui passaram… essa procura será junto de um familiar, de uma pessoa que tenha gosto pela restauração.
É uma área muito difícil, que requer muito trabalho e cada vez mais escasseiam os recursos humanos que tem de ser acarinhados e valorizados e, só quem trabalha nesta área, entende. Quem me suceder tem de ser alguém que goste de restauração e que mantenha “O Pescador”.
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Jornal da Praia (JP) – A edição das Festas da Praia deste ano volta ao formato inicial coordenadas por uma única pessoa. O que levou o Michel a aceitar a coordenação das Festas da Praia 2024? Como empresário sediado na cidade da Praia da Vitória é também uma mais-valia?
Michel Menezes (MM) – A Presidente da Câmara Municipal, Vânia Ferreira e a Vereadora da Cultura Paula Sousa abordaram-me no sentido de aceitar este desafio de coordenar as Festas das Praia, tive de pensar e como já estou na Praia há 44 anos, como trabalhador e depois como empresário estabelecido, faço a minha vida aqui e tinha assim de dar o meu contributo à cidade. Foi uma opção que tive de tomar entre a minha vida profissional e pessoal… como gosto de desafios, aceitei assim este desafio.
Sim, há 44 anos aqui na Praia é uma mais-valia por ao longo dos anos conhecemos muitas pessoas. Passei as fases que esta cidade já passou, ajudei a resolver problemas e adquiri muitos conhecimentos que me ajudam neste desafio.
JP – Todos os anos, a festa tem um tema. O deste ano é “Da fuga da Família Real à Vitória da Praia”. O porquê deste tema e como vai ser adaptado às Festas?
MM – Quando aceitei o convite para coordenar, convidei várias pessoas para prepararem os cortejos, a marcha… e a escolher o tema para as festas, escolhemos este, um tema mais histórico relacionado com um período da história em que a ilha Terceira e a Praia tiveram um papel importante na história de Portugal. Este ano comemora-se 195 anos da Batalha da Praia de 11 de Agosto de 1829. É um tema complexo de se recrear, mas acho que as pessoas vão perceber o sentido do tema.
Vamos tentar recriar o que se passou nesta data logo no cortejo de abertura que se realiza sábado, dia 3 de Agosto, composto por 4 carros alegóricos. O tema está sobretudo adaptado ao cortejo de abertura que marca sempre as Festas da Praia e à Marcha. São uma das nossas apostas.
JP – Estamos a menos de um mês do início das Festas. Como estão a decorrer os preparativos?
MM – Já está tudo pronto para as Festas. O programa está fechado.
JP – Ao longo dos anos, as Festas apresentam programas diversificados. Cortejos, concertos, feiras, todos os anos levam muitas pessoas à Praia da Vitória. Para este ano o que está a ser preparado? O formato e as localizações manter-se-ão ou haverá alterações?
MM – Este ano procedemos a algumas alterações. O dia das marchas vai ser no dia 9 de Agosto, o cortejo das crianças será no sábado, dia 10 de Agosto. Para domingo, dia 11 de Agosto, este ano teremos fogo de artificio a encerrar as festas.
Este ano o Palco Marina volta, o ano passado não houve, mas este ano regressa, mantendo-se o Palco da Zona Verde e o Palco Tradições na Praça Francisco Ornelas. Gostaria de frisar que fizemos uma aposta muito forte para o Palco Marina que irá receber 9 concertos com o destaque para o dia 6 de Agosto com a realização de um “Sunset”, acho que nunca se fez numas Festas da Praia onde atuarão os Insert Coin, grupo que costuma estar na SIC e neste dia virão também os Remember 80’s & 90’s. Também para o Palco Marina teremos Maninho Bossa & Samba no dia 4 de Agosto.
Este ano fizemos uma grande aposta na animação de rua para todos os dias. Teremos animação dos chilenos Tiki taka.
Para a Zona Verde destaco a Expert Fun Zone, um espaço dedicado às crianças com insufláveis e um conjunto de atividades que ficará lateral junto às tascas e ao Palco Zona Verde. Neste espaço, no dia 4 de Agosto, teremos uma noite de cinema para as crianças e uma noite Disco também para as crianças. Será um espaço seguro para as crianças.
Este ano teremos algumas alterações com a introdução da Expert Fun Zone e da reintrodução do Palco da Marina. Fizemos um esforço para manter os dois palcos o da Zona Verde e da Marina. O Palco Tradições na Praça Francisco Ornelas é destinado a outro público.
Outra alteração foi o desfile dos grupos de folclore que este ano não desce a Rua de Jesus. Optamos sim por uma noite de folclore que se realizará na Praça Francisco Ornelas com um desfile de quadros de folclore a explicar os trajes e o que se fazia naquela época, apresentado por Leandro Ávila, membro do grupo de folclore das Fontinhas, seguindo-se as atuações dos grupos no Palco Tradições. Esta mudança foi muito bem acolhida pelos grupos.
Ainda no que diz respeito aos desfiles, termos os carros clássicos e uma novidade que já aconteceu em Angra, um desfile de motos clássicas vestidos a rigor. Vai haver também um desfile de escuteiros.
Os concertos na Dreamzone estão afetos ao promotor que gere o espaço e temos um cartaz muito bom para este ano. Temos também as tradicionais corridas de toiro à corda e a Corrida de Praça no dia 5 de Agosto.
Gostaria também de salientar a Receção ao Emigrante que este ano designamos por Receção à Diáspora que se realizará no dia 2 de Agosto na Praça Francisco Ornelas das Câmara, receção que será abrilhantada pelo duo Maria Areia e Pai Zé.
JP – Os cortejos e em especial o cortejo de abertura e o das crianças são destaque no programa. Quais as expetativas para este ano?
MM – O cortejo de abertura é composto por 4 carros alegóricos e integra entre 70 a 80 pessoas. Posso dizer que vai ser um cortejo um pouco diferente em que os carros vão ter “vida”, não ver ser estáticos, vão ter teatro, encenação com música e movimento. Este cortejo foi projetado e será orientado por Vasco Lima. Acho que vai ser um cortejo interessante.
Em relação à marcha oficial, obviamente, teve de se enquadrar no tema das Festas, terá, como habitualmente, 32 pares, o vestuário é inspirado naquela época. Os arranjos musicais são de Evandro Meneses e a letra do José Esteves e a marcha a cargo de João Azevedo e o guarda-roupa a cargo do Vasco e da Marta.
Quanto ao cortejo das crianças, são três carros, sendo um dos carros repartidos por dois cenários. Também este cortejo vai ter uma envolvência muito grande e é sempre uma expetativa e uma grande surpresa. O cortejo das crianças realiza-se no sábado, dia 10 de Agosto.
JP – Qual a mensagem que quer deixar?
MM – A mensagem que posso deixar… em primeiro agradecer a minha equipa, a todos os elementos que tem colaborado, a todos da Câmara Municipal.
O terceirense recebe muito bem, estamos de braços abertos para receber toda gente que nos visita e o mês de Agosto é um mês de excelência para férias e como habitualmente, a Praia vai encher de pessoas nestes dias de Festa. Penso que vão ser umas excelentes Festas!
Entrevista: Rui Marques
Foto: João Costa/JP
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Na edição de 28 de Junho de 2024, Jornal da Praia entrevista Nuno Luís da Comissão da Semana Cultural dos Biscoitos de 2024
Jornal da Praia (JP) – A Semana Cultural dos Biscoitos tem vindo desde 2018 a assumir um papel de destaque no panorama festivaleiro da ilha Terceira. A que se deve este sucesso?
Nuno Luís (NL) – Devido à falta de comissões e dadas as várias festas que a freguesia tinha, em 2018 optou-se por juntar tudo numa só festa. Tentou-se então criar uma festa que fosse digna do potencial da freguesia e que pudesse unir todas as festas que aconteciam um pouco pela freguesia dos Biscoitos. Surgiu então a Semana Cultural que se tornou uma festa de sucesso.
Quanto ao sucesso das semanas culturais, julgo que o fator principal é a sua localização, o sitio onde decorre… A nível de ilha e sou suspeito, dificilmente na ilha Terceira encontramos um sitio como este. Tirando Angra do Heroísmo e Praia da Vitória, o espaço em si é um dos melhores da ilha, com todas as potencialidades que oferece.
JP - …além do sucesso, a Semana Cultural serve também para divulgar o norte da ilha Terceira e em especial os Biscoitos e as suas potencialidades.
NL – A Semana Cultural é uma forma de promover a freguesia, o concelho e a ilha. Os programas contribuem para isso e o cartaz deste ano foi pensado em promover a freguesia. Este ano temos, por exemplo, vindos de São Jorge os Tributo e da ilha Graciosa os Kontrabanda e o ano passado tivemos os The Cod”, são uma forma de promover a Semana Cultural fora da ilha e tentar abranger as outras ilhas.
JP – Em todas as edições é dado um slogan à Semana Cultural. O deste ano é “Abisma-te”. O porque de “Abisma-te”?
NL – “Abisma-te” surgiu entre várias propostas para este ano… frases mais longas, outras mais curtas, mas queríamos um slogan que fosse simples e que fique.
Atendendo ao local onde se realiza a festa e o próprio logótipo, a alusão às pedras negras, ao mar da zona balnear, ao Abismo e as pessoas acharam graça. Fico então o slogan “Abismo”. Para mim é como aquela frase de Fernando Pessoas: “Primeiro estranha-se, depois entranha-se.”.
JP – As Semanas Culturais dos Biscoitos tem vindo a apresentar programas diversificados destinados a todos os públicos que rumam à freguesia nesta altura. Quais as expectativas para este ano? O Que destaca do cartaz deste ano?
NL – No cartaz para este ano, temos três touradas à corda, uma vacada e uma tourada de praça, a Corrida de Toiros Ramo Grande com a despedida do cabo Manuel Pires e que se realiza no dia 19 de Julho. Esta corrida de praça da responsabilidade do Grupo de Forcados do Ramo Grande, com o apoio da nossa Comissão, tem um cartel muito, muito bom o que muito orgulha a nossa Comissão de festas. Ainda no que diz respeito a touradas, temos uma em São Pedro, uma no Caminho de São Pedro e outra na Rua Longa e a vacada na praça de Santo António.
No que diz respeito às atividades náuticas, temos uma grande diversidade atividades náuticas que passam por regatas de botes baleeiros, vela de cruzeiro, passeios de barco, snorkeling, batismos de mergulho… uma série de atividades a que os interessados podem inscrever e participar.
Temos também trilhos, caminhadas como meditação e o Norte Trail que este ano integra o cartaz da Semana Cultural, prova que tem inicio e meta aqui onde se realiza a festa e que vai trazer aos Biscoitos cerca de 120 atletas. Outra prova que teremos é o “Nadar Açores”, uma prova de natação que terá partida no Porto dos Biscoitos e meta na Fonte das Pombas, Lagadores. Praticamente, durante toda a Semana Cultural, temos atividades náuticas…
Na Comissão da Semana Cultural deste ano somos treze elementos, mas temos um décimo quatro, o Paulo Silva, o responsável pelas atividades náuticas, cargo que tem vindo a desempenhar desde a primeira edição em 2018. O Paulo Silva sem nunca ter pertencido a uma Comissão, tem sido o garante destas atividades náuticas.
Na música temos os Los Romeros, um nome que as pessoas poderão não conhecer, mas é um grupo musical que tem músicas com os Dama, lançaram recentemente uma música com Mikael Carreira. Outro nome será Kina Barreiros ou os Angrajazz que enriquecerão muito a festa.
Todos os dias temos djs a atuar. Temos a Mayara Azevedo, uma dj do Brasil vinda do continente que atuará na quarta-feira e os Cromos da Noite, uma dupla de djs habituada a dar concertos para mais de 10 mil pessoas e a animar queimas das fitas, além dos nossos djs cá da ilha Terceira que vão, certamente, criar noites muito animadas… estamos a apostar em trazer não só grupos musicais de fora, mas também cá da ilha Terceira para animar a nossa festa.
Temos de ter um cartaz apelativo que traga muitas pessoas à festa. Quisemos manter a vertente cultural da festa ao trazermos, por exemplo a Orquestra Angrajazz, os Art’Fado ou a tradicional cantoria. Tudo isto é cultura também, quisemos trazer um cartaz o mais diversificado possível.
JP – e expectativas?
NL – As nossas expectativas são altas. Acreditamos que vamos ter mais uma vez muitas pessoas durante a Semana Cultural. Lá está, o tal fator principal, o local onde se realiza a festa e o segundo fator, o tempo se ajudar, vão atrair muitas pessoas à nossa freguesia. Se tivermos bom tempo e o programa que temos para este ano, certamente vai trazer muitas pessoas aos Biscoitos.
A festa faz-se com a ajuda da população da freguesia, dos patrocinadores, das entidades oficiais que em muito contribuem para a concretização da Semana Cultural dos Biscoitos, a exemplo da logística da cedência e montagem das barracas, na logística de acompanhamento dos grupos musicais, nas várias atividades… é uma logística muito grande… estamos a fala de um orçamento que acende a cerca de 60 mil euros.
JP - …haverão novidades no formato da Semana Cultural deste ano?
NL – O formato é o mesmo. Temos um espaço de bebidas e restauração, com os djs a seguir aos concertos.
Procedemos a pequenas alterações depois de ouvirmos quem vem à festa e das tascas, mas, de um modo geral, o formato mantém-se. É uma fórmula vencedora!
JP – Qual a mensagem que quer deixar a quem pretende vir à Semana Cultural dos Biscoitos?
NL – Os Biscoitos é um dos sítios mais visitados da ilha Terceira. Vir aos Biscoitos, aproveitar o mês de Julho e se tivermos bom tempo, certamente quem vier à festa quererá voltar nos outros dias!
Entrevista: Rui Marques
Fotos: Rui Marques / Comissão de Festas Semana Cultural dos Biscoitos 2024
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Jornal da Praia (JP) – O senhor Cecílio Faustino é o novo presidente da direção da Adega Cooperativa dos Biscoitos CRL. O que levou a “abraçar” este novo projeto, gerir a adega cooperativa?
Cecílio Faustino (CF) - Assumi a presidência da Direção da Adega Cooperativa dos Biscoitos, naturalmente, como produtor de vinho mas, também assumi o peso desta responsabilidade que é dirigir esta cooperativa fundada em 1999 e que comercializa vinhos de renome nacional.
Já passei por direções de várias instituições desta linda freguesia dos Biscoitos e estou como sempre “para o que der e vier”…
JP – Fundada em 1999, a Adega Cooperativa dos Biscoitos tem vindo a contribuir para a qualidade, comercialização e divulgação dos chamados vinhos de denominação VLQPRD – Vinho Licoroso de Qualidade Produzido em Região Demarcada.
Quantos associados possui a cooperativa atualmente e que serviços presta aos seus associados?
CF - Todos os elementos quer da Direção, Conselho Fiscal e Assembleia Geral são produtores de vinho.
Neste momento temos 73 associados, com perspetivas desse número vir a aumentar. Todos os cooperantes são produtores natos de uvas e reciprocamente leais a esta cooperativa. Todos contribuímos para a produção da Adega Cooperativa dos Biscoitos.
Temos o apoio de um enólogo. As vindimas, as podas, é voluntariado dos nossos sócios que permitem a adega manter as suas parcelas de vinha e a sua produção. Ficamos eternamente gratos pela humildade e altruísmo desta gente que nos apoia… desejo aqui expressar o nosso muito obrigado aos nossos sócios.
JP – Quais os vinhos que a Cooperativa produz e comercializa?
CF - Produzimos e comercializamos o Tinchão e o Moledo. Temos também o Magma mas neste momento está esgotado. Outro vinho é o Muros de Magma que está em estágio licoroso.
Esta cooperativa tem uma parceria que nos permite escoar e colocar os nossos vinhos em muitos mercados. Esta parceria é com um grande senhor dos vinhos em Portugal, o senhor Anselmo Mendes e com o seu amigo e colega de trabalho, Diogo Lopes, também produtor e enólogo. Anselmo Mendes, enólogo de renome no mundo dos vinhos, considerado em Portugal como um dos melhores enólogos do país, arrecadando muitos prémios nacionais e internacionais, já Diogo Lopes, grande enólogo, arrecadou no ano transato o prémio do melhor enólogo,
Mais recentemente, em 2022, a Adega Cooperativa dos Biscoitos aderiu, através da Geoparque Açores – Geoparque Mundial da UNESCO, à marca Geofood com os vinhos Magma, Muros de Magma e Moledo… claro que ficamos todos muito orgulhosos com as distinções!
JP– Vários problemas e fatores condicionam e afetam o cultivo da vinha como a falta de mão de obra, as intempéries, os fatores de produção e de mercado. Como é que a Cooperativa lida com estas adversidades?
CF – Não é muito fácil…
Temos falta de mão de obra, falta de mão de obra qualificada, um problema que tem vindo a crescer nestes últimos anos… porque estas vinhas e a área onde são plantadas só podem ser unicamente manuseadas.
Outra adversidade que tem marcado muito a produção são as mudanças do clima que afetam em muito as vinhas que contribuem para o aparecimento do míldio e apodrecimento das uvas, etc, etc…
Por exemplo, nestes últimos anos enfrentamos ciclones que arrasaram a produção e vinha está ainda a recuperar. Não temos tido produções ultimamente de grande relevo, por causa das intempéries…
Estamos a apostar na qualidade dos nossos, numa maior divulgação e queremos diversificar a nossa oferta que passa por um website, pela vertente do enoturismo e por novas tecnologias já utilizadas noutras partes do mundo como a utilização drones com vista a levantamentos cartográficos, por exemplo. Por isso, candidatámos um projeto no âmbito do PRR.
JP – Por forma a expandir a produção, a Cooperativa adquiriu recentemente mais uma parcela de terreno continuo para aumentar e valorizar a produção. O que levou a Adega Cooperativa a adquirir este terreno que inclui uma casa?
CF– Foram vários os motivos que levaram a aquisição desta parcela de vinhas que inclui uma casa, um terreno contínuo ao que a adega já possui. Com esta aquisição a adega passou a ter cerca de 1 hectare de terreno vinícola em produção.
Por exemplo, na falha de algum associado não conseguir entregar uvas para produção por razões várias, com este novo terreno podemos manter a produção e responder à procura dos nossos vinhos. Também, esta nova aquisição, faz parte de um projeto avaliado em mais de ¼ de milhão de euros que apresentamos no âmbito do PRR com objetivos de desenvolvermos a vertente do enoturismo que passa pela recuperação da casa, construção de um museu e de um alambique tradicional para darmos a conhecer a história do vinho dos Biscoitos.
Logo que adquirimos esta nova parcela procedemos à regularização do solo para plantarmos as tradicionais castas dos Biscoitos: Verdelho, Arinto e Terrantê.
Assim, conseguimos recuperar e continuar a proteger esta área de produção demarcada - Denominação de Origem Controlada dos Biscoitos.
JP – Ao longo deste ano a cooperativa pretende promover um conjunto de atividades para divulgar o vinho dos Biscoitos. O que está previsto?
CF – Este ano a adega comemora 25 anos de existência, as suas bodas de prata e para assinalar esta data vamos promover um conjunto de atividades que passam pelas jornadas da cooperativa a iniciar brevemente, queremos também homenagear os sócios fundadores que, infelizmente, muitos dos fundadores já pareceram e esta direção nunca os esqueceu. Estamos a equacionar brevemente um museu para esta cooperativa, e estamos a formalizar uma associação que nos ajudará ainda mais a valorizar Adega Cooperativa dos Biscoitos.
Quero aqui também salientar que esta cooperativa fundada nos Biscoitos é também uma cooperativa de todos os terceirenses. Estamos abertos a mais sócios e também a todos aqueles querem fazer o seu vinho, estamos preparados para isso e até temos sido contactados para esse fim.
Temos participado em feiras de vinhos e eventos do género, sempre muito positivos para os nossos vinhos.
Todos os elementos que integram a Direção, o Conselho Fiscal e Assembleia Geral dão muito do seu tempo livre para ajudar esta adega, apoio crucial para irmos mais longe. Fica aqui expresso o agradecimento também a todos os sócios e familiares, amigos e colaboradores desta casa e aos nossos clientes que publicitam e valorizam os nossos vinhos.
Aproveitamos também para agradecer à Câmara Municipal da Praia da Vitória, à Câmara Municipal de Angra do Heroísmo e à Secretaria da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, na pessoa do seu Secretário, o Eng. António Ventura e à Junta de Freguesia dos Biscoitos, pelos apoios prestados por estas instituições.
Entrevista e fotos: Rui Marques/JP
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Jornal da Praia - No passado dia 22 de Novembro aquando do lançamento do livro “Está Imensa Luz no Quarto”, da sua autoria, foi apresentada a nova editora Vale das Amoras da qual é proprietário. Quais as razões que levaram à criação da editora e o porquê do nome Vale das Amoras?
Mário Duarte - Em 2018 deixei de editar novos títulos (cingindo-me a reedições) pela BLU edições, a minha primeira editora, uma marca registada. Para mim, terminara um ciclo iniciado em 1995.
Foram anos feitos experiência, um somatório de muitos erros e alguns sucessos. Soube,
sempre, que fundaria um novo projecto editorial – este que comecei agora. Como
diria Samuel Beckett: “Vou tentar errar melhor”.
“Vale das Amoras” fui buscá-lo ao nome do lugar onde nasci.
É em memória desse momento, e desse lugar, que o fui colher como se apanhasse um punhado de amoras maduras e as começasse a repartir.
Cada simples objecto, livro ou outro, que venha a editar com este símbolo “Vale das Amoras”, é a comemoração plena da reunião desse detalhe, no tempo, e desse lugar na Freguesia da Ribeira Seca, no concelho da Calheta, na ilha de São Jorge, no arquipélago dos Açores.
Ofereço-vos a primeira amora, que, transformada em livro (“Está Imensa Luz no Quarto – outras histórias, outras iguarias), será uma dádiva – nos seus lucros – que ajudará a Associação Nascer e Crescer Feliz, de Angra do Heroísmo. Cumpro assim uma promessa pensada há muito.
Jornal da Praia - A Vale das Amoras será uma editora generalista ou especializada em determinadas áreas, procurando nichos de mercado e cativando novos públicos?
Mário Duarte - Eu não faço ideia o que será um Vale das Amoras que fará brotar livros. Uma pequena editora não se pode dar ao luxo de muitas ou nenhumas grandezas. Generalista,
naturalmente, mas com critérios que conduzam ao prazer de um editor e dos autores
publicados. Não faz sentido de outra forma. E, naturalmente, com incidência temática nos Açores e em autores açorianos.
Jornal da Praia - Quais as expetativas da editora para 2024. Vamos ter edição de autores açorianos?
Mário Duarte - Depois de cada livro ser posto no mercado, sempre que possível, será anunciado o seguinte. A próxima “Amora” é o livro de Álamo Oliveira “Os Belos Seios da Serpente”. Gostava, e vou trabalhar nesse sentido, sensibilizando, que a apresentação seja uma enormíssima festa e homenagem a este escritor e poeta, feita por todo o povo da Ilha Terceira, e, noutros contextos, por todo o povo dos Açores – para começar.
Jornal da Praia - Como vê atualmente o mercado editorial em Portugal e, em especial, nos Açores?
Mário Duarte - Se eu conseguisse ter uma pequena ideia sobre o panorama editorial nos Açores, já era uma grande coisa. Mas é tudo tão pequeno e complexo, querendo ser grande, e espectacular, que me limito a observar.
Gostaria, contudo, de poder contribuir para clarificar e, se possível, alterar, nos Açores, a lei do Preço Fixo do Livro (Decreto-Lei nº 176/96 de 21 de Setembro). Nas palavras seguintes expresso as ideias que vou defender nos lugares próprios, mas que, ao público, interessa conhecer, como grande beneficiário:
O PVP – Preço de Venda ao Público – dos livros, é o indicativo ou sigla da paz podre do comércio dos livros.
Os Governos Regionais dão um subsídio para o mel, um subsídio para a fruta, um subsídio para a carne, um subsídio para o peixe, etc, etc. Já é um hábito. Tornou-se hábito, também: quando levam um livro (ou livros) para a Feira do Livro de Lisboa, por exemplo – sempre à consignação – exigem ao editor uma taxa de desconto de 40% sobre esse famigerado PVP. É assim, um favor, pago.
A lei do Preço Fixo do livro que estabelece as regras donde aparece o P.V.P. é uma camisa-de-forças do editor, a almofada do livreiro e distribuidor, é o torniquete do comprador (no significado de instrumento destinado a apertar ou, a cingir, apertando).
A quem é que interessa? A quem consegue impor e condicionar as regras das margens de comercialização.
O editor é o mexilhão – que se lixa. (Toda a gente conhece o ditado).
Como editor, e sempre cumprindo a lei, vou sair do meu lugar de conforto e – enquanto vou tentar, junto das entidades próprias, a começar pela Assembleia Regional dos Açores, sensibilizar e contribuir para a alteração dessa lei complexa do Preço Fixo do Livro, apelando a que a autonomia regional possa enquadrar e acomodar outra lei – vou trabalhar para conseguir fazer chegar os livros editados a um preço, mais baixo, ao comprador.
O que é que me proponho, afinal?
Que de Preço Fixo do Livro se passe para Preço Livre do Livro. Que vigore um preço do editor, que já existe, mas encapotado. Que na facturação, a sigla existente PVP, passe a PE (preço do editor). Ganha-se em tudo, até na transparência.
Todos sabem que um artigo tem uma margem de lucro para quem o vende. Compreende-se isso. Não é necessário é que esteja escondida sob a capa de uma agonia para quem o edita. Os “mal-vistos” editores.
E para que haja uma cereja no topo do bolo, a essa alteração da lei (e estou a falar no âmbito das autonomias conquistadas pela Região Açores) deve ser acrescentada a implementação do IVA 0%, no artigo que é o livro, com vantagens para muitas áreas de comercialização, mas também de produção, como é o caso das gráficas existentes na região, que aumentariam a sua exportação.
