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Jornal da Praia (JP) - Nasceu no seio de uma família que se dedicou ao longo dos anos à fotografia na Praia da Vitória, na ilha Terceira. A Foto Iris é um marco histórico na Praia da Vitória! Como é que surge o gosto pela fotografia?
João Costa (JC) - O gosto pela fotografia “nasce ainda no ventre da minha mãe”. Os meus pais, Armando e Anaisa Costa, tinham a firma Foto Iris, que ainda hoje existe com a continuação dos filhos Fausto, eu e o José e das noras Isabel e Lúcia. Desde muito cedo fomos acompanhando os nossos pais em serviços de reportagem e começamos a tomar o gosto pela fotografia ao ponto de em Agosto de 1972 (há precisamente 50 anos) começarmos a fazer serviços profissionais ainda em tenra idade, o Carlos, o Fausto e eu com 16, 15 e 14 anos de idade respetivamente. Mais tarde também o José e o Rogério seguiram o mesmo caminho. A minha irmã Filomena foi a única que não foi fotógrafa e foi residir para o Canadá no início dos anos 80.
De todos os irmãos eu fui o único que se dedicou exclusivamente a fotógrafo.
JP - Este ano, o João Costa, comemora 50 anos como fotógrafo. Que balanço faz da sua carreira?
JC - São 50 anos a fazer aquilo que mais adoro que é fotografar no estúdio, nas escolas, nas festas profanas, nas touradas, nos casamentos, batizados e todas as restantes fastas religiosas e todos os serviços que sou solicitado para fotografar. Não é fácil ser fotógrafo profissional, porque não temos horário, nem fins-de-semana nem férias programadas, porque nunca sabemos se no dia de amanhã aparece um serviço.
Também não foi fácil criar 4 filhos (Rui, Paulo, Ricardo e Vítor) com esta profissão e hoje com 4 netos revejo o passado com os meus filhos.
JP - Que tipo de fotografia mais gosta de fazer? Reportagens, de estúdio…
JC - Como fotógrafo profissional e vivendo numa ilha não podemos ter só o gosto por um certo tema e por isso somos obrigados a ter o gosto e fotografar tudo o que nos é pedido. No entanto dentro de todos os temas que fotografo o que me dá mais prazer e que para mim é uma referência, além dos casamentos é sem dúvida fotografar as crianças nas escolas, serviço que faço há 42 anos. Fotografar estas crianças é algo de espetacular e sinto uma alegria muito grande porque quer seja na ilha Terceira, nas Flores ou no Corvo, ilhas que fotografo as escolas, todas as crianças conhecem o “Jonhy”, nome pelo qual sou conhecido nas escolas.
JP – Existe alguma história que o marcou na sua carreira?
JC - A primeira reportagem de casamento que fiz, foi em Agosto de 1972 na freguesia da Agualva e tinha apenas 14 anos de idade, metro e meio de altura ou nem tanto. Quando entrei em casa do noivo e depois em casa da noiva, para tirar as fotos de solteiros não fui bem recebido e hoje compreendo que quando viram um “puto” com uma máquina devem ter pensado “estão a brincar connosco mandando este meia bola fotografar o nosso casamento”.
Fui forte, suportei tudo o que me diziam, estavam mal-encarados, mas esta era a profissão que sonhava. Logicamente que com esta idade não conduzia e quando o meu pai me foi buscar, entrei no carro e comecei a chorar, dizendo que nunca mais queria ser fotógrafo.
O meu pai não gostou da maneira como disse que me tinham tratado, disse-me para ter calma, fomos para o laboratório revelar os rolos e imprimir as fotos um processo que foi até às 23 horas. Reportagem pronta o meu pai foi comigo … interromper a “lua-de-mel” … e entregamos aos noivos a reportagem ficando eles espantados porque nessa altura levávamos mais ou menos 5 dias para entregar a reportagem.
Meu pai explicou a razão de estar ali naquela hora a entregar as fotos e os noivos depois de verem como o serviço estava muito bom, pediram-me muitas desculpas, abraçaram-me e elogiaram-me muito. Depois deste momento, esqueci tudo e abracei a fotografia até aos dias de hoje e espero por muitos mais anos.
Um dos momentos que mais me marcou foi o Terramoto de 1980 que fotografei casa a casa e foi também na década de 90 que conheci um saudoso amigo francês Serge Vilallele, na ilha do Pico que me incutiu o gosto pelo “Wale Watching” e não posso deixar este momento para dizer “Obrigado Serge” porque se não fosse ele não apresentava no dia 28 de Julho a exposição de fotos de cachalotes no Etis aqui na Praia da Vitória, que estará em exposição durante as Festas da Praia da Vitória.
JP - António Quadros (primeira metade do século XX) ou Anaísa Costa (primeira fotógrafa profissional na ilha Terceira, iniciou em 1963), foram alguns dos fotógrafos percursores da fotografia na Praia da Vitória. O João Costa atravessou a revolução da fotografia com o analógico e agora com o digital, atualmente como vê a fotografia e a profissão de fotógrafo?
JC - Na era do analógico tinhas de saber ser fotógrafo, tudo era diferente desde o fotografar ao revelar. Hoje quem tem um telemóvel é fotógrafo e quem tem uma pequena máquina digital é fotógrafo. Hoje apontas a máquina ou o telemóvel e automaticamente estes aparelhos fazem a leitura das condições existentes e faz uma fotografia perfeita. Antes, na altura dos rolos fotográficos, tínhamos de olhar para o objeto ou pessoas a ser fotografado, ver as condições de luz, a cor dos tetos das casas, a distancia a que estavas entre outras coisas e sabias qual a abertura da lente e qual a intensidade de luz do flash para a foto ficar boa, porque não havia ecrã nas máquinas para veres antes de fotografar.
JP – Projetos para o futuro?
JC - Espero continuar mais uns anitos com esta profissão, mas depois de tudo o que já passei ao longo destes 50 anos de fotógrafo, o único projeto de futuro que tenho é a “reforma” e gozá-la ao máximo.
Entrevista: Rui Marques
Foto: Foto Íris
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Nesta edição JP entrevista António Gomes, Presidente do Conselho de Administração da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo dos Açores.
Jornal da Praia (JP) - Em Junho do corrente ano, mais precisamente no dia 27, a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo dos Açores, CRL assinalou 100 anos de existência nos Açores. O que representam estes 100 anos ao serviço dos açorianos?
António Gomes (AG) - Celebrar o centenário desta Instituição de Crédito representa a possibilidade de homenagear a história do Crédito Agrícola nos Açores. Uma história repleta de iniciativa, trabalho e coragem de várias gerações de homens e mulheres, que se destacaram como sócios, como clientes e como corpos directivos de todas as ramificações de Caixas Agrícolas dispersas por várias ilhas, que precederam à actual Caixa Agrícola dos Açores. O Crédito Agrícola surge em Portugal continental em 1911, à semelhança do que já acontecia noutros países europeus, nomeadamente em França com a fundação, em 1894, do Credit Agricole, hoje a maior instituição de crédito francesa.
Na altura, a banca nacional não estava disponível para financiar o sector agrícola, a base da sustentabilidade alimentar de toda a humanidade, com preços e maturidades adequados aos ciclos vegetativos das culturas e das produções animais.
É neste contexto que é lavrado o regime jurídico que permitiu a criação das Caixas Agrícolas, com a actividade comercial inicialmente cerceada ao sector primário e com uma estrutura societária assente nos agricultores.
As Caixas Agrícolas fomentaram então o sector com financiamentos adequados aos investimentos agrícolas e fora da usura a que estes estavam submetidos.
O movimento chega aos Açores em 1922, numa iniciativa dos Sócios do Sindicato Agrícola dos Cultivadores de Ananazes da Ilha de San Miguel, que rapidamente se alastra a outros concelhos e a outras ilhas do arquipélago, de tal forma que nos anos 70 e 80 do século passado eram mais de 10 as Caixas nos Açores, que viriam, em 1993, a fundir-se na actual Caixa Agricola dos Açores.
A Instituição resultante ganhou dimensão, cota de mercado e resiliência. A adesão por parte de um universo de novos clientes e sócios foi muito elevada e impôs um rápido crescimento orgânico da Instituição.
Não tardou a alteração ao Regime Jurídico que veio permitir o alargamento da actividade bancária a todos os outros sectores económicos.
Hoje, mantendo a individualidade jurídica, estamos inseridos no grupo financeiro Crédito Agrícola, que compreende 73 Caixas de todo o país, duas companhias de seguros e várias outras empresas de prestação de serviços partilhados.
JP - Com 12 mil associados e uma carteira de 40 mil clientes qual é a dimensão e quota que a Caixa ocupa nos Açores?
AG - Somos uma Instituição de Crédito com sede na Região Autónoma dos Açores e com presença em 6 ilhas do arquipélago. Dispomos de uma rede comercial de 18 balcões e 59 ATMs, que são, em muitas localidades, o único ponto de contato bancário para as populações, tornando-se, assim, um instrumento imprescindível para o desenvolvimento local e regional.
Hoje, a Caixa reúne um grau de Capitais Próprios - resultantes da subscrição de capital pelos sócios e da incorporação de resultados transitados - que estão ao nível do dobro do valor exigido pela Autoridade Supervisão Bancária, com o Rácio de Solvabilidade, CET1, superior a 22%. Complementarmente, a Caixa dispõe de uma importante liquidez, que nos permite marcar presença em toda a linha do investimento regional.
Neste quadro, traçamos como objectivo a médio prazo, uma ascensão da actual quota de mercado de 16% para 25%.
JP - Com agências bancárias em vários pontos dos Açores, inclusive na cidade da Praia da Vitória, existem plano para crescer o número de balcões nos Açores?
AG - Nas últimas duas décadas, a banca transitou de forma irreversível dos balcões das agências para os computadores pessoais e para os telemóveis, disponível 24 horas por dia, 365 dias por ano.
A sua pergunta é pertinente porque estamos a viver um tempo de autêntica revolução ao nível da informatização dos serviços bancários, agora acelerada com os processos impostos pelo COVID 19, que veio encurtar o timing para a transformação digital.
Mais de 50% dos nossos clientes hoje já recorrem aos canais digitais para aceder aos serviços bancários, disponíveis nas plataformas CA on-line e CA Mobile. Todos os serviços estão aí disponíveis, incluindo a contratação de operações de crédito em determinada tipologia, que, com base nas avaliações do cliente - ratings e scorings - estão prontos a ser subscritos, sem qualquer contato com colaboradores ou balcões.
Esta revolução informática impôs uma mudança na estratégia do negócio a curto e a médio prazo. Há 10 anos tínhamos um projecto para alargar a nossa rede de balcões a 8 ilhas e, em ilhas mais densamente povoadas e com níveis maiores de investimento, alargar ainda mais a actual rede de balcões.
Porém, com a digitalização o alargamento da rede de balcões tornou-se impensável e todo o plano teve de ser reajustado ás novas realidades.
Este panorama é generalizado a toda a banca. Várias Instituições de Crédito, por razões economicistas, estão a fazer regredir substancialmente as suas redes comerciais. Contudo, por agora, a nossa estratégia passa por uma dualidade na prestação dos serviços bancários: manter a actual rede de balcões, sem encerramentos, como ponto de atendimento presencial especializado para todos os clientes, de diferentes níveis de literacia e escalões etários, e, por outro lado, reforçar o serviço homebanking e Mobile, entretanto já acreditados como um dos melhores da banca em Portugal.
JP - Como se caracterizam os produtos financeiros e serviços prestados que a Caixa oferece nos Açores? Possui produtos diferenciados mais vocacionados para o sector, neste caso agrícola?
AG - O sector primário, o sector agrícola, será sempre o nosso mercado alvo privilegiado, o nosso core business. Para este sector disponibilizamos uma gama completa de produtos financeiros com a melhor precificação do mercado.
Mas como anteriormente referi, o regime jurídico do Crédito Agrícola foi alterado e a adesão dos outros sectores económicos foi exponencial. Para todas as empresas e empresários em nome individual dispomos de financiamentos para o apoio de tesouraria, com contas correntes caucionadas, contas de cheques pré-datados e créditos de curto prazo. Para os investimentos empresariais dispomos de linhas de crédito próprias e protocoladas com maturidades até 20 anos. Emitimos garantias bancárias, contratamos leasings, factoring e temos os TPAs e cartões de crédito com as melhores condições do mercado. Para os particulares financiamos todo o tipo de crédito ao consumo, crédito habitação e disponibilizamos ainda cartões de débito e de crédito em todas as modalidades.
Orgulhamo-nos de ser um Instituição regional de vanguarda na banca em Portugal.
JP - Como dirigente bancário, qual a análise que faz sobre o sector financeiro nos Açores?
AG - Os Açores têm uma taxa de bancarização semelhante às demais regiões do país, servida por três Instituições de Crédito de cariz regional, nós e outras duas instituições, que coabitam com os principais bancos oriundos do território nacional.
Em minha opinião, respondem adequadamente às necessidades financeiras do tecido empresarial e das populações em geral.
Os Açores têm uma atividade bancária com mais de século e meio de história, com muitas e importantes iniciativas na criação e fundação de bancos.
Mas o negócio bancário exige muita disciplina e rigor e incorpora muitas componentes de risco. Exige elevado investimento de capital, obedece a equilíbrios delicados e tem de responder a múltiplos interesses: o interesse dos accionistas, o interesse dos depositantes, o interesse dos investidores, entre outros, o que torna a governação difícil e exigente, levando, como é do conhecimento geral, várias instituições, por uma razão ou outra, a sair de cena ou a soçobrar.
A generalidade dos bancos que operam em Portugal, tem o poder de decisão fora do país. Em contrapartida, uma Instituição de crédito regional tem, pela proximidade do poder de decisão, uma acuidade e uma visão das especificidades e das necessidades locais como nenhuma outra o consegue fazer.
Por outro lado, uma Instituição de Crédito regional capitaliza valor e representa investimento, poder económico, postos de trabalho, receitas fiscais, estabilidade e até apoio social. E um património financeiro que deve ser apoiado, acarinhado e estimulado por todas as estruturas da sociedade.
Neste culminar dos primeiros 100 anos do Crédito Agrícola nos Açores desejo a todos os Praienses e Açorianos em geral o maior sucesso económico, financeiro, profissional e pessoal, na certeza de que tudo faremos para continuar a prestar um serviço bancário de excelência, servido por profissionais competentes e responsáveis, com a melhor e mais segura tecnologia informática.
Agradeço ao "Jornal da Praia" e a todo o seu corpo redactorial a oportunidade que me deu de poder divulgar a história e o projecto da Caixa Agrícola dos Açores, desejando a mais longa vida ao jornal que tão bem se tem batido e trabalhado na defesa dos interesses da terra de Vitorino Nemésio e dos Açores em geral.
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Primeiro jogo da temporada é em casa contra o Caldas SC a disputar no dia 21 de Agosto.
Nesta edição JP entrevista José Fernando que há 5 anos dirige o Grupo Desportivo das Fontinhas.
O presidente dos “Rubro Negros” falou sobre as expectativas para o primeiro jogo que marca o início da época, como o clube se preparou e o que mudou para enfrentar com tranquilidade a Liga 3
Jornal da Praia (JP) - Depois de uma época de sonho para o Grupo Desportivo das Fontinhas, para os seus adeptos e desportistas em geral, como está a decorrer os preparativos para a época 2022/2023?
José Fernando (JF) - Os preparativos para a época estão a decorrer dentro da normalidade como qualquer equipa se prepara para um campeonato… é uma pré-época que está a ser feita. O campeonato da Liga 3 é mais exigente, exige mais de nós é quase uma liga profissional.
A nível desportivo, a preparação não varia muito das épocas anteriores. A exceção de termos de treinar em Angra, tirando isso foi uma pré-época normal. Foi contratar jogadores, apetrechar a equipa de jogadores que nos serão uteis para enfrentarmos os jogos, dentro do orçamento possível. Este ano tivemos de aumentar o orçamento porque as exigências e o nível é outro… os jogadores vão para um patamar superior, os vencimentos são outros e para termos alguns jogadores com qualidade, claro que o clube tem de despender a nível financeiro mais verbas.
JP – Dia 21 de Agosto o Fontinhas recebe o Caldas SC. O jogo que terá transmissão pelo Canal 11, marca o arranque para o Fontinhas na Liga 3. Quais as espectativas para o jogo? Um bom resultado será um incentivo para a equipa?
JF – O primeiro jogo é contra o Caldas e vai ser transmitido pelo Canal 11. O jogo vai ser disputado no estádio João Paulo II. Como sabe, não vamos jogar na Praia porque o relvado não reúne condições para a Liga 3, temos de jogar em Angra.
O jogo é no dia 21 de Agosto às 10 da manhã… a nível de horários não é o mais apetecível… porque o horário de futebol é domingo à tarde, mas atendendo a que a Federação Portuguesa de Futebol quer transmitir os jogos da Liga 3, uns através do Canal 3 e outros através de streaming no Facebook da Federação. O segundo jogo em casa, num sábado às 10 da manhã, contra o Setúbal, isto é, a nível de bilheteira e de bar é muito complicado… dão um apoio de 500 euros por jogo transmissão o que é muito pouco, mas temos de ajustar-nos à realidade em estamos e é isso que a Federação exige.
Como disse o jogo, o primeiro jogo que vamos disputar é no dia 21 às 10 horas da manhã, aproveito aqui para fazer um apelo não só às pessoas das Fontinhas, mas a todos que gostam de futebol, à ilha Terceira para irem ao jogo porque a equipa vai precisar do apoio de todos, é uma Liga semiprofissional em que vamos jogar ao longo da época com equipas que só na nossa Série (Série B) temos 7 equipas que já jogaram na 1ª Divisão, equipas como a Acadêmica, o Leiria, o Setúbal ou o Belenenses…
Um bom resultado neste primeiro jogo é a vitória, os três pontos! Mas como disse temos uma boa equipa, bons jogadores, mas se os adversários estiverem melhores do que nós estaremos em desvantagem, mas vamos ver. Estamos a apetrechar com mais jogadores, o mister Pedro Lima indicou-nos jogadores e os empresários, temos 13 jogadores da época transata e outros tantos reforços… vamos ver o que vai dar a época!
JP – Dadas as exigências técnicas, logísticas e de certificação para as equipas militar na Liga 3 como está o Fontinhas a adaptar-se a uma nova realidade? E no que diz respeito a apoios, são suficientes?
JF – É uma Liga semiprofissional que exige mais do clube. O amadorismo que nós tínhamos adaptava-se ao clube, agora há áreas da competição em que as exigências são outras, mais profissionais. Para dar um exemplo, na área do marketing a Federação exigem que se divulguem os jogos, o clube, tivemos de contratar uma pessoa formada em Marketing, outro em Design, um gestor. Tivemos de dar uma “volta” na estrutura do clube para fazer face às exigências da Liga 3.
Desde o início que gostaríamos de jogar no Municipal da Praia. A nossa equipa é do concelho da Praia da Vitória. À parte do relvado as outras exigências apontadas pela vistoria eram fácies de resolver, mas o handicap maior é o relvado que tem de ter boas condições, sempre apresentável… se tivermos um relvado sempre apresentado durante a época podemos ter apoios por essa via… a Federação apoio mediante objetivos é para o Marketing, um relvado sempre em boas condições durante a época. Logo para a Praia teria de mudar a relva do Municipal o que seria um investimento muito grande para a Câmara Municipal da Praia da Vitória. Mas a Câmara terá de futuramente repensar e avançar com obras no Municipal dada a degradação do relvado.
Em termos de apoios, o tecido empresarial não é muito grande… temos o nosso patrocinador principal que é a Expert, temos a Etmal e estamos em contacto com outras empresas a nível de colocação de placards nos jogos para termos mais apoios a nível da publicidade, mas não é fácil estamos a tentar. Temos também os apoios institucionais inclusive já foi aprovado em Conselho do Governo Regional dos Açores 250 mil euros para a palavra “Açores”. Sabemos também que a Câmara Municipal da Praia da Vitória, embora dentro das suas possibilidades, irá também apoiar.
Outros apoios vêm das quotas dos sócios, do bar e de eventos que fazemos ao longo do ano para angariar mais verbas. Tudo somado é aquilo que temos para gerir a época, dar uma boa imagem do clube, da freguesia das Fontinhas e do concelho da Praia da Vitória.
JP – O Fontinhas no passado dia 10 de Junho comemorou 47 anos? Qual o balanço desportivo que faz do clube que atualmente dirige? As Fontinhas é também o seu clube desportivo?
JF - É assim… tivemos uma ascensão rápida em termos desportivos. Desde 2005 que a equipa está inscrita na Associação de Futebol de Angra do Heroísmo. Foi em 2016 que se apostou mais “a sério”. Em 2016, 2017 ganhamos todas as provas de ilha e o direito de jogarmos no Campeonato dos Açores, a partir daí foi sempre a subir até à Liga 3. Para nós é já uma realidade “puxada”, como costumo dizer não gosto de cortar o Rumo à História! Enquanto podermos lutar e aguentar o clube vamos fazer “das tripas coração”, mas já está muito além das possibilidades do Fontinhas. É muito bonito ver o clube, mas para quem gere é muito difícil.
Nesta época, e dada uma das exigências, vamos forma uma equipa de iniciados. Vamos apostar mais na formação.
E termo de futuro é manutenção na Liga 3! Temos adversários de peso. A nossa esperança é que corra tudo bem e que tenhamos uma prestação digna na Liga 3.
Texto: Rui Marques
Fotos: Grupo Desportivo das Fontinhas
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Jornal da Praia - Após paragem de dois anos, voltam as Festas da Praia à Praia da Vitória. Quais as espectativas da Câmara Municipal da Praia da Vitória para a edição deste ano das Festas Praia?
Paula Sousa- Antes de mais, muito obrigada pela oportunidade de deixar aqui registadas alguma palavras sobre as Festas da Praia 2022 e felicitar os leitores do Jornal da Praia.
Respondendo à vossa questão as expetativas prendem-se sobretudo com o voltar a viver as Festas da Praia com a magia que o próprio mês de agosto oferece, um mês de férias, onde todos procuram o melhor para viverem no período mais apreciado do ano.
Queremos que, após dois anos de paragem, as pessoas visitem, apreciem e vivam o que temos para oferecer. Sabemos que os voos e alojamentos estão altamente procurados para estas datas, prevendo-se assim, um elevado número de turistas. As nossas festas são caracterizadas pelo glamour, vivacidade e muita animação e isso torna-as únicas, criando um maravilhoso postal de boas vindas a todos os que nos visitam.
Jornal da Praia - As Festas da Praia ao longo dos anos tem vindo a assumir um importante cartaz turístico na divulgação da Praia da Vitória, da ilha e mesmo do arquipélago, quer “dentro” e quer “fora de portas”. Com um orçamento para este ano avaliado em cerca de 462 mil euros dos quais 237 mil da responsabilidade da autarquia, é importante o envolvimento de todos, entidades públicas e privados, nesta organização das festas?
Paula Sousa - Sem dúvida que sim. Neste processo de organização são evidentes as despesas elevadas com o que não aparece, mas que é essencial para que a festa aconteça. Segurança, limpeza, licenças… São exemplos de bastidores essenciais ao bom funcionamento das festas. A logística é enorme e todos os que se envolvem contribuindo para que a festa aconteça são a chave para o sucesso das mesmas.
Este ano tivemos um envolvimento de muitas empresas, algumas novas no mercado e apesar de sermos um elenco camarário novo, foram notáveis as parcerias estabelecidas e a vontade imensa de participarem na festa.
Apoios monetários, em géneros ou em serviços são o mote para “fazer acontecer a festa”, todos são muito importantes e válidos. Para além disso, o registo de voluntariado também é essencial. Aos que se juntam a nós através da sua vontade de ajudar, deixo aqui, também, o meu reconhecimento.
Saliento ainda que, todos os artistas que irão animar os nossos palcos, com exceção da Dream Zone by Monster, são artistas locais a quem quisemos premiar pelas dificuldades que todos passaram durante os dois últimos anos.
Jornal da Praia - No que diz respeito à estrutura das Festas da Praia, embora mantendo o figurino de edições anteriores (cortejo de abertura, concertos musicais, Feira Gastronómica ou Feira do Artesanato), estão previstas alterações. Quais as novidades para este ano e para a edição de 2023?
Paula Sousa - A novidade mais evidente prende-se com a alteração da zona das Tasquinhas, anteriormente no Clube Naval, serão implantadas na Zona Verde.
Esta alteração surge no âmbito de várias situações, mas a mais evidente surge exatamente com questões de saúde publica, isto é, de se tornar o espaço mais amplo, para que todos possam conviver com maior segurança, após a situação que se viveu nestes dois últimos anos de pandemia.
Na zona verde, será ainda instalado o “Palco Tasquinhas” onde a animação será de cariz popular, criando-se um ambiente de arraial.
Neste espaço teremos as tradicionais barraquinhas de iguarias, doces e bebidas. Associa-se ao espaço os empresários do sector automóvel, onde farão a exposição de viaturas.
Num ambiente criado a pensar nas noites de verão, em arraial e potenciando esta zona de forma a tornar a festa ainda mais atrativa.
Por sua vez, o Clube Naval recebe o Espaço Infantil e potencia de forma mais ativa as suas empresas de animação turística, que muitas vezes viam a sua atividade condicionada pelo reduzido espaço que dispunham pela ocupação das tascas.
Relativamente a 2023, sendo ainda muito precoce falar sobre as mesmas, antes de se fazer o balanco de como decorreram as Festas da Praia do ano 2022, importa referir que, houve alguns projetos que por vários motivos não conseguimos colocar em prática este ano e quem sabe, poderão ser objetos de trabalho para a próxima edição das Festas da Praia.
Jornal da Praia - Acerca de 15 dias o inicio das Festas da Praia, qual a mensagem que deixa a quem quer visitar a Praia da Vitória nestes dias?
Paula Sousa - Deixo uma mensagem de profundo agradecimento a todos que se juntaram a nós para que pudéssemos colocar a festa na rua.
Agradecimento a todos que resolveram passar as suas férias na Ilha Terceira e premiaram a Praia da Vitória para ser o plano de fundo das suas recordações. Sejam muito bem-vindos, desfrutem e voltem.
A todos e todas as pessoas da Ilha Terceira que se envolvam na festa, através da sua participação, do seu olhar atento e sobretudo deixo o apelo para que apreciem, o que tão bem nos soube preparar para vos oferecer.
A todos desejo umas Boas Festas da Praia.
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Jornal da Praia - Estamos praticamente a 15 dias do arranque de mais uma edição das Festas da Praia (FDP). Como estão a decorrer os preparativos e o porquê do tema “Do Mundo Antigo, as 7 Maravilhas”?
Vasco Lima - Os dois anos de interregno das Festas da Praia trouxeram à edição deste ano um contexto de incerteza, a diversos níveis (ex. as restrições decorrentes da situação pandémica; a reestruturação das equipas decorrente do novo projeto camarário; os casos recorrentes de COVID sobre os nossos colaboradores; o espetro de que os figurantes poderão vir a ter a doença na altura das festas, etc.) e que acabaram por atrasar um pouco o projeto em si. Realço que só no final do primeiro trimestre é que tivermos um vislumbre de certeza de que as festas se haveriam de realizar, quando, noutros anos, por essa altura, já se trabalhava em velocidade de cruzeiro nas festas.
A ideia do tema é bastante pessoal – já que se trata de uma área de que muito gosto – e procurar promover uma abertura das festas da Praia à história do resto do mundo, nesse caso, do Mundo Antigo. Numa lógica de globalização e de aproximação de povos, culturas e até de tempos históricos distantes. Além disso, o tema é, por si só, algo que remete para o grandioso, o mágico e o místico, ingredientes que me parecem encaixar na perfeição dentro daquilo que é a lógica de um cortejo de abertura. Acho que é isso que as pessoas procuram ver quando, naquele dia, saem de casa para ir à Praia assistir ao cortejo de abertura.
Jornal da Praia – Um dos grandes pontos de destaque das Festas da Praia são os seus cortejos, nomeadamente o de abertura, o das crianças e o etnográfico, que levam a cidade da Praia da Vitória considerável público. Também importante são os concertos musicais… O que é que o público vai ver este ano e o que está programado?
Vasco Lima - De uma forma estilizada, o cortejo de abertura, ainda que bastante contemporâneo na sua conceção e apresentação, apresenta-nos uma “viagem ao passado”, mais concretamente a várias civilizações da antiguidade, dando-nos uma imagem bastante verosímil daquelas que foram consideradas as sete maravilhas do mundo antigo, ou seja: a Grande Pirâmide de Gizé; o Mausoléu de Halicarnasso; o Templo de Artemis; o Farol de Alexandria; o Colosso de Rodes; os Jardins Suspensos da Babilónia e a Estátua de Zeus.
O cortejo será constituído por quatro carros alegóricos, sendo três deles espelhados, ou seja, aludindo a duas maravilhas em simultâneo e um quarto, e último carro, dedicado exclusivamente a uma só maravilha. No total estarão em cena cerca de cem figurantes.
Já o cortejo infantil, englobará vários temas, materializados num total de três carros alegóricos e englobando à volta de 50 figurantes. Muitos dos bonecos serão reciclados e reconfigurados, numa lógica de ecologia, de poupança e de exaltação do espírito criativo e de clara aposta em figuras conhecidas das nossas crianças.
Não posso deixar de referir a marcha oficial, por ser um projeto dentro do grande projeto que são as FDP, e por ser, claro está, um dos símbolos maiores da temática e da animação das próprias festas.
Quanto à animação musical, teremos como novidade o surgimento de um quarto palco. Portanto, ao da Praça Francisco Ornelas da Câmara (mais ligados às tradições - ex. fado, cantorias, folclore, filarmónicas, etc.), ao da Marina (consagrado a artistas locais) e ao da “Tenda” (como nomes de peso como a Mariza, a Bárbara Tinoco e os Quinta do Bill), juntar-se-á um quarto palco, na Zona Verde, a albergar música popular. Esse palco animará as tasquinhas que, este ano (outra novidade), estarão concentradas nessa zona da cidade.
Jornal da Praia– A quando da apresentação aos OCS da edição deste ano, referiu “que a Cidade se encha de cor e alegria nestes dias, retomando a alegria e os bons momentos vividos na Praia da Vitória. A aposta passa por renovar e reforçar a imagem da Cidade, enaltecendo os seus pontos fortes e criando, assim, uma dinâmica diferente junto de quem marca presença na Praia da Vitória durante a época festiva”. Como está conciliado o programa festivo deste ano para a divulgação da cidade e do concelho da Praia da Vitória?
Vasco Lima - A marca “Festas da Praia” ou simplesmente “FDP” é, por si só, já um dístico propagandístico da cidade e do concelho. Depois, temos a plena noção de que as festas decorrem no período do ano em que a ilha mais turistas recebe - em especial emigrantes, recebe. Por fim, há um trabalho de bastidores bastante significativo ao nível do envolvimento dos empresários locais com vista a que, nesses dias, possam exponenciar a sua oferta de bens e de serviços.
Ora, da conjugação dessas três premissas resulta a lógica de que as festas são um momento de excelência para promoção dos nossos produtos, deste o comércio tradicional ao artesanato local, da restauração às empresas promotoras das mais variadas atividades turísticas, com natural impacto na divulgação das nossas paisagens (ex. trekking, caminhadas, fotografia, etc.), na prática desportiva (ex. surf, canyoning, mergulho, pesca submarina, futebol e vólei de praia, etc.), na valorização histórica e cultural (ex. museus, folclore, touradas, etc.) do que é nosso, na aproximação entre pessoas e, claro, tudo isto não só promove a cidade, mas todas as freguesias e gera, por todo o concelho, dinamismo social e, com ele, economia e desenvolvimento.
No fundo, as Festas da Praia são o principal momento do ano para convergência de sinergias rumo ao aproveitamento dos recursos endógenos com vista ao desenvolvimento e à promoção da nossa terra. ganha a Praia e, sobretudo, ganham os praienses.
Jornal da Praia– Qual a mensagem que deixa a quem quer visitar a Praia da Vitória nestes dias?
Vasco Lima - A mensagem é quase um desejo transmutado em apelo. Que seja um regresso em grande das festas da praia! Em grande porque gostaria que despertasse nas pessoas a curiosidade face ao tema. Que gerasse um impulso no sentido de as levar a pesquisar e a conhecer mais sobre cada uma daquelas maravilhas e civilizações.
Mais, que a ideia de “maravilhas da humanidade” possa funcionar como despertador de consciências para a necessária e urgente “unidade do mundo”, ou seja, para a necessidade de união, de agregação, de pacificação, enfim, de harmonia e de encontro à volta de valores universais e invioláveis. Tudo isto num tempo em que impera a violência, o egoísmo, a maldade e a descrença no ser humano e na sua capacidade de se maravilhar consigo próprio.
Que seja arte a despertar-nos para a nossa condição humana!
