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A enfermagem moderna começa a tomar forma no século XIX através de Florence Nightingale, uma Inglesa que teve um papel vital na organização de equipas de assistência de saúde durante a Guerra da Crimeia, e cuja experiência e ações seguintes levaram a que seja considerada por muitos como a “mãe” da enfermagem moderna.

Mas já séculos antes que outros praticavam algum tipo de assistência de saúde que se assemelhasse a uma “enfermagem rudimentar”, desde simples maleitas a ferimentos de caça ou guerra. O que sabemos é que se a prestação de cuidados de saúde já era fundamental antigamente, ela só tem vindo a ganhar importância na nossa vida em comunidade, sendo hoje em dia uma parte fundamental da nossa sociedade e do nosso sistema de saúde.

Portugal não foi excepção a essa evolução e o final do século XX, e este primeiro quartel do séc. XXI, veio consolidar a importância social dos enfermeiros. Contudo, e apesar da grande evolução e especialização da profissão, os enfermeiros não tem tido uma vida fácil, e, no caso concreto dos Açores, após um período de excesso de recurso humanos, agora procuram-se.

A verdade é que a vida dos enfermeiros tem vindo a ter um nível de dificuldade e responsabilidade cada vez mais alto. A exigência tem vindo a subir, especialmente em algumas especialidades, tendo inclusive a sua Licenciatura sido estruturada em quatro anos ao invés dos típicos três anos de licenciaturas pós-Bolonha. Após a Licenciatura quem quiser evoluir, e nomeadamente tornar-se especialista, tem à espera um curso de especialização, uma pós-graduação ou mestrado. Mas foquemo-nos no designado “enfermeiro de cuidados gerais”. Um enfermeiro é alguém, reconhecido pela sua ordem profissional, como um profissional apto e credenciado, cuja missão é prestar cuidados de saúde, especificamente de enfermagem, em diversos locais e ambientes, desde clínicas a hospitais.

Estando já bem estabelecido que a profissão de enfermeiro não é formalmente diferente de muitas outras, isto é, exige um curso superior, um estágio e a regulação de uma ordem profissional antes de puder exercer, porque é que o seu tratamento salarial é negativamente discriminatório? Na função pública levaram muito tempo a serem equiparados a “técnico superiores”, e ainda hoje em dia, nas inúmeras Instituições Particulares de Solidariedade Social (que prestam cuidados em nome do Estado, nomeadamente em unidades de cuidados continuados e lares de acolhimento e de idosos), recebem menos do que as restantes profissões equiparadas aos referidos “técnicos superiores”, tais como psicólogos, terapeutas, professores, etc.

Além da discriminação negativa de vencimento a maioria tem uma carreira de turnos cobrindo as 24 horas do dia, semana a semana, muitas vezes com turnos extra com tarefas onde o cidadão comum, no mínimo ficaria enojado. Será que é realista esperar que um enfermeiro de 50 ou 60 anos consiga continuar a fazer turnos, levantar doentes de camas, mudar fraldas, lavar pessoas, distribuir medicação, e tudo mais sem limitações físicas? E que compensação recebem? Que proteção especial têm?

Não, não é justo que os enfermeiros recebam menos do que os que as restantes profissões equiparadas. Não é justo terem de se reformar com a mesma idade ou anos de serviço que os não fazem turnos. E não, não é aceitável pedir-lhes isso, porque para muitos (os que tiverem saúde para lá chegar), terão de suportar as limitações físicas de uma vida de cuidados aos outros. Como é possível os sindicatos, ordem, e as próprias IPSS (e associações representativas) permitirem isto? Da próxima vez que negociarem um acordo coletivo, façam justiça!

Antes de terminar não podíamos de chamar à atenção que muitas, mas muitas vezes, a última pessoa com quem um ser humano fala, vê, sorri e dá a mão, antes de partir, é um enfermeiro… E os que de entre nós, não tiverem a misericórdia de uma morte repentina, passarão pelas mãos destes cuidadores, que não querem mais em vida, do que todos nós ensejamos na morte: Dignidade. Faça-se justiça, Aquele Abraço Praiense!

Luis Moniz, Diretor Adjunto

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