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A notícia da morte de Jorge Fernando Branco Sampaio, que faleceu no dia 10 de Setembro de 2021, no Hospital de Santa Cruz de Carnaxide, encheu o país de profunda tristeza, pela perda de um homem bom, culto e que deixa um legado político impar e notável, que certamente perdurará para o futuro, como exemplo a seguir, ao demonstrar que a política mais exacta e preferível é aquela que nos diz simultaneamente que a razão fundamental de ser é o povo e para o povo, custe o que custar…

Jorge Sampaio nasceu em Lisboa, no dia 18 de Setembro de 1939, no seio de uma família burguesa, o pai, Arnaldo Sampaio, era natural de Guimarães, foi um destacado Médico de Saúde Pública, a progenitora, Fernanda Bernardo Branco, nasceu em Lisboa, e tinha raízes açorianas e origem judaica, a avó materna era natural dos Açores, o avô paterno, Fernando Branco, foi Ministro dos Negócios Estrangeiros, do governo ditatorial, presidido pelo General Domingos Oliveira.

Jorge Sampaio, teve uma educação esmerada, e com a mãe aprendeu Inglês, a língua que com frequência comunicava com a mãe.

As suas qualidades pessoais, raras nos nossos dias, fez dele um político de consensos, que se destacou em todas as frentes, com a sua luta exemplar contribuiu para a instauração da democracia no nosso país, sendo a sua função mais importante, a de Presidente da República entre 1996 e 2006, é considerado pela grande maioria do povo português, como o melhor Presidente da República, do período pós 25 de Abril.

Foi um jovem irrequieto, que aquando do seu ingresso na Faculdade de Direito da Universidade Clássica de Lisboa, se impôs na luta contra o Estado Novo, ditadura fascista que nos "desgovernou" durante quarenta e oito anos. Líder da Crise Académica de 1962, quando frequentava o 3.º ano de Direito, foi eleito para o Conselho Fiscal da Associação de Estudantes, no 4.º ano foi Secretário da Direcção e no 5.º ano foi Presidente da Direcção, chefiando uma lista de esquerda democrática, onde incluía estudantes católicos progressistas e socialistas, e nunca fugiu aos contactos com o então Reitor da Universidade Clássica de Lisboa, Marcelo Caetano.

Jorge Sampaio também liderou como Secretário Geral - a Reunião Interassociações - RIA - das organizações de estudantes de Lisboa, proibida pelo governo fascista e que agregava estudantes católicos, socialistas e comunistas, unidos na luta contra o fascismo.

Foi um notável advogado, em todos os ramos do Direito, tendo desempenhado funções directivas na Ordem dos Advogados, e teve um papel de destaque na defesa dos presos políticos, no Tribunal Plenário de Lisboa, e era um especialista no Direito de Marcas e Patentes.

Jorge Sampaio foi candidato em 1969, às eleições para a Assembleia Nacional, integrando a lista da CDE, participando assim em movimentos de resistência e de alternativa democrática ao Estado Novo.

Foi Secretário-Geral do Partido Socialista, entre 1989 e 1991, foi Membro do Conselho de Estado e Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, criou o Plano Director Municipal de Lisboa, que não havia, introduziu na agenda da presidência municipal o respeito pelas “questões e ecológicas, habitacionais e de mobilidade, lançando Lisboa como Capital Atlântica e da Europa, e um dos momentos mais significativos da sua presidência em 1994, foi quando Lisboa foi Capital Europeia da Cultura.

Foi Deputado à Assembleia da República e Presidente do Grupo Parlamentar do Partido Socialista. A nível internacional foi Membro da Comissão Europeia dos Direitos do Homem, no Conselho da Europa, realizando um magnifico trabalho na defesa dos Direitos do Homem.

Jorge Sampaio foi um grande paladino na independência de Timor Leste, que “lhe merecera tanto empenho e lhe conferiu tanto relevo internacional", e foi o primeiro Presidente da República “ a incluir no discurso e na acção presidencial a exigência do combate à corrupção”, defendeu os portugueses, afim de obter uma sociedade mais livre, mais igual, mais justa e desenvolvida, e não havendo portugueses descartáveis, defendendo o “25 de Abril Sempre”, e consequentemente, defendia também as Autonomias Político-Administrativas dos Açores e da Madeira, reconhecendo a sua importância para o desenvolvimento económico e social daquelas regiões, com a livre administração dos povos insulares das suas terras, reivindicação coarctada pelo Estado Novo.

Portugal, os Açores e a Madeira estão de luto, choram a perda de um homem de grande “lisura nos procedimentos, rectidão nos juízos de valor, extrema lealdade, exemplar tolerância", que não podemos jamais esquecer e o seu exemplo deve servir de modelo para todos nós.

Sebastião Lima, Diretor

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