As vindimas na ilha Terceira, já terminaram e o balanço é nefasto, extremamente negativo, pois desde o ano de 2018, que foi seco e ideal para a boa produção das vinhas, produzindo vinho de qualidade e em quantidade, acontece que nos sucessivos anos, a produção das uvas tem vindo a decair drasticamente e este ano de 2024, é desolador por diversas causas, alterações climáticas, doenças, cujo a estratégia fitossanitária que protege a vinha, nem sempre tem tido um controlo ideal e necessário no combate das doenças das vinhas, e terão de ser descobertas novas soluções com bom perfil ambiental, baseadas em diferentes modos de acção, potenciando uma protecção perfeita e uma estratégia anti-resistente, e isto só será possível com a intervenção da Secretaria da Agricultura em parceria com a Universidade dos Açores, senão corre-se o risco de não existirem soluções capazes de ultrapassar as resistências entretanto adquiridas pelas doenças, pragas e infestantes nos vinhedos.
A produção no ano passado foi péssima, e este ano ainda pior, a produção actualmente caiu mais de 50%, face ao ano de 2023, apesar da nascença ter sido muito boa, as doenças durante os meses de Abril e Maio de 2024, foram determinantes para a quebra radical da produção de uvas, pois esses meses foram muito húmidos, com nevoeiros, e chuvas agrestes ditaram a “sentença de morte” na produção vitivinícola.
Acresce ainda as pragas, ratos, lagartixas, melros pretos e rolas, que comeram a grande parte das uvas que escaparam às doenças, uma catástrofe, que é urgente resolver-se, porque quer na ilha Terceira, quer na ilha do Pico, ou mesmo na ilha da Graciosa, foram muitas as vinhas que nem sequer foram vindimadas, pois nada restou.
A tristeza, o desanimo dos produtores é de tal ordem que muito ameaçam abandonar as vinhas.
Para que não haja o abandono das vinhas, são necessárias políticas sustentáveis e atrativas, que ponham termo a esta nefasta situação, que a persistir terá enormes percas a nível ambiental, paisagístico e turístico.
É tempo de darmos graças ao que recebemos dos nossos antepassados, que nos legaram as suas vinhas cultivadas, na “surrealista construção”, feita em pedra basáltica e de um emaranhado de currais, com as suas covas e atalhos, tendo como único objetivo proteger as cepas dos ventos e do mar, ao mesmo tempo as paredes das courelas e o solo empedrado resguardam o calor essencial para a maturação das uvas, ora este património único terá de ser salvaguardado, pois o potencial económico e turístico no Porto Martins e nos Biscoitos está adormecido, terá de ser despertado para bem de tudo e de todos.
Sebastião Lima, Diretor