A guerra no mundo, não se limita só à Ucrânia, que de conflito regional que ocorre na Europa de Leste, tende a transformar-se em conflito mundial iniciado pela Federação Russa, uma das maiores potências militares da Terra, porque para o terrível autocrata Putin, o ocidente e todas as nações pertencentes à NATO – aliança militar que congrega muitas nações do mundo livre e democrático – são inimigos que estarão a persuadir a Ucrânia a atacar a Federação Russa
, e levou que o Kremlin empreendesse uma operação militar especial na Ucrânia para estabelecer a ordem e libertá-la dos nazis e dos sentimentos anti-russos que ali imperam. Putin, e as suas tropas quando invadiram a Ucrânia, estavam convencidos de que facilmente tomariam a capital da Ucrânia, e estabeleciam um governo fantoche que defendesse os seus interesses, e assim a Ucrânia virava costas à União Europeia e à NATO, tornando-se um país satélite da Federação Russa, não só no aspecto militar, mas também económico e político, mas sucedeu que o “tiro saiu-lhe pela culatra”, isto é, as tropas russas depararam com uma forte e heroica resistência do povo ucraniano e das suas forças armadas na defesa do seu território e da sua soberania. Putin estava convencido que a dita operação militar especial russa na Ucrânia, seria um passeio, como sucedeu nas campanhas militares russas, na Geórgia e na Crimeia, onde os militares russos foram recebidos sem qualquer apatia, e ou resistência, mas tudo lhe correu e corre mal, o que levou as forças armadas russas a atacar com mísseis e drones alvos civis nos grandes centros populacionais da Ucrânia, nomeadamente infraestruturas eléctricas, hospitais, escolas, teatros, centros de distribuição de água, bairros sociais, etc., e o que a Rússia melhor sabe e gosta de fazer nesta guerra é aterrorizar e matar civis, contra todas as normas do direito público internacional, e a carta da ONU, tornando-se assim a Federação Russa, num Estado terrorista e pária ao causar uma guerra injusta, pois a anexação de um território de outro país é um grave atentado aos acordos e tratados internacionais.
Grócio ou Hugo de Groot (1538), natural da Holanda, que nasceu e viveu durante as guerras travadas no seu país contra a Espanha de Filipe II e também no seio das lutas civis e religiosas da Reforma, experiência dolorosa em que esteve envolvido, e o seu elevado amor à humanidade levou o grande jurista, teólogo e político, um dos espíritos mais eminentes da sua pátria e da sua época, a lutar pela humanização da guerra, e a sua sujeição ao direito, “fundado na razão, que devia prender entre si todos os povos da Terra” ideais esses transcritos na sua maior obra De Juri Belli et Pacis, que o imortalizou e consagrou-o como pai do direito internacional público ou das gentes.
A Rússia, e o seu feroz autocrata Putin, violou todas as normas do direito público internacional, as convenções sobre o direito da guerra, mutilando as populações civis ucranianas, crianças, idosos e doentes de forma incessante, desumana e cruel, cometendo graves crimes contra a humanidade.
Luís Vaz de Camões, o filho legítimo do Renascimento e contemporâneo de Grócio, na sua obra heroica, os Lusíadas, também realçou o lado desumano da guerra:
Na terra tanta guerra, tanto engano
Tanta necessidade aborrecida!
Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida,
Que não se arme e se indigne o Céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno?
Nesta guerra, que alarma o mundo, espalhando fome e miséria, só nos resta a esperança de que a Rússia seja obrigada a sentar-se na mesa das negociações e através da diplomacia, se ponha termo a este horroroso conflito, que se tornou numa catástrofe para o povo ucraniano, e que já afecta economicamente o mundo, nomeadamente as nações mais pobres e humildes.
Sebastião Lima, Diretor
