Caros leitores, nunca é demais relembrar que continua a decorrer a bárbara invasão de um país soberano europeu, a Ucrânia, que já leva cerca de 3 meses de resistência contra uma potência militar mundial. Continua o calvário de um povo pela sua terra, pela sua liberdade.
Entre os muitos maus exemplos de descoordenação e indiferença (a roçar a cobardia…), destacaram-se nos últimos dias, as notícias de que, após diversas “cimeiras”, os europeus levaram 3 meses a conseguir acordar o embargo de aproximadamente 90% do petróleo russo (para chegar aos 100%, não há equação, muito menos regra de três simples, que se aplique!). Por seu turno, os suíços não autorizam a Dinamarca a enviar material de guerra, fabricado no seu país, para a Ucrânia, e continua a existir gente que defendem na imprensa e redes sociais o direito da russia a invadir um estado europeu, democrático e soberano. Quem pensa assim, não deveria ter lugar no tal diabólico “mundo ocidental”, que, por sinal, é para onde metade da população mundial quer emigrar…
Ainda que este jornal seja um acérrimo defensor da liberdade, inclusive a de expressão desses indivíduos, é difícil aceitar termos vizinhos que defendam uma sangrenta invasão ilegítima, onde decorrem homicídios, torturas, pilhagens entre outros crimes de guerra. Há milhões de refugiados há milhares de soldados e civis mortos, famílias destroçadas, pais e mães mortos, crianças órfãs, gente faminta, sem luz, sem água, sem dignidade, e nas zonas ocupadas, sem país. Não devíamos aceitar nem permitir isto, com a consciência de que não bastam sanções. É preciso coragem, armas e soldados!
Já aqui escrevemos, no início da invasão, que “A desculpa de proteção de territórios russófonos é extremamente semelhante à desculpa da proteção dos germânicos…” na II Grande Guerra. E que, “Quando se iniciaram as invasões da Alemanha nazi o primeiro-ministro inglês da altura, Neville Chamberlain, também acreditou nas balelas de um ditador e deu no que deu.” Mais uma vez deixamos a interrogação: Déjà-vus?
Convém também não esquecer que a russia tem vindo, ao longo das últimas décadas, a tomar e a consolidar, não só pela força, diversos territórios que pertenceram aos soviéticos, e, acrescente-se, de uma forma mais ou menos tranquila. À excepção dos Estados Unidos da América, cuja presença militar na Europa é muito significativa, ninguém fez nada. Enquanto o regime de Putin invadiu outros países os europeus continuaram a assobiar para o lado, a construir gasodutos com os russos, a abrigar oligarcas e a tratar aquele regime como se de uma democracia se tratasse. Mas não é, nem nunca será com Putin & Companhia. Com esses, não devíamos querer nada, nem gás, nem metais nem químicos e muito menos armas. Numa coisa Putin tem razão, a Europa e o mundo ocidental não aceita bem o regime russo. Nem deveria, nem deve compactuar com regimes autocráticos e limitadores da liberdade. Aceitar aquele regime é ser cúmplice das suas ações, é ter sangue nas nossas mãos.
Terminamos, deixando novamente a nossa solidariedade com o povo Ucraniano, em especial aos seus soldados que defendem a sua pátria com unhas e dentes, mesmo claramente superados pelos números e pelo armamento russo. A resistência daquela gente nesta guerra horrorosa, bem patente nos inúmeros vídeos que circulam nos noticiários e redes sociais, transmitem um estranho, talvez até bonito, sentimento de orgulho alheio, que nos tem de deixar envergonhados por não fazermos mais para ajudar a parar esta guerra. Talvez esteja na altura de nos deixarmos de queixar do aumento dos combustíveis, e de encarnarmos mais o espírito de alguns milhares de jovens Russos que, recentemente num concerto, gritavam palavras anti-guerra na sua língua, tão bem traduzidas em direto no canal SIC, pelo conhecido jornalista Português José Milhazes: “A guerra que vá pó c…!!!”. Aquele Abraço Praiense!
Luis Moniz, Diretor Adjunto