Diretor: Sebastião Lima
Diretora Adjunta: Carla Félix
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Já há muito se discute a temática dos serviços de transporte de carga e correio em geral para a Região Autónoma dos Açores. Em boa verdade, este serviço nunca foi elevado ao mesmo padrão dos continentais, mas parece ter evoluido negativamente quando seria expectável, com os avanços civilizacionais, que assim não fosse.

O pior é que o problema dos transportes é generalizado e afecta tanto o transporte profissional de carga (através dos transitários) como o serviço postal prestado pela empresa “Correios de Portugal, S.A.” (CTT). Neste editorial focaremos mais o serviço dos CTT aos cidadãos residentes nos Açores.
Em primeiro lugar há que relembrar o óbvio, somos uma região ultrperiférica da Europa e isso tem consequências na área dos transportes. Não há volta a dar! Somos ilhas e, portanto, a carga só cá chega por via maritima ou aérea. No limite, se só tivessemos 1 voo e 1 navio semanal de ligação a carga só chegaria uma vez por semana, e no caso maritimo sempre com aproximadamente uma semana de atraso. Por outro lado, se tivéssemos um número ilimitado de ligações não haveria limitação de quantidade de carga e nem estaríamos aqui a discutir o asssunto.
Mas voltando ao cidadão, que expectativas são razoáveis? Uma breve visita ao site de internet dos CTT mostra uma realidade desoladora para os Açoreanos. Documentos e bens até 2 kg podem em Correio Normal ter prazo indicativo de entrega de 3 dias no continente e “mais alargado para os Açores e Madeira”, seja lá o que isso signifique... Já no Correio Azul o prazo indicativo de entrega é de 1 dia util no continente e de 2 dias uteis para as regiões autónomas, mas com a nota de que “para os Açores e Madeira os prazos podem ser alargados em função das limitações de transporte”.
E as encomendas postais (até 10 kg)? Prazo de entrega de 3 dias uteis no continente, 5 dias uteis na Madeira e entre 7-15 dias nos Açores... Já os preços estão em geral em linha com os prazos e são igualmente “piores” (significativamente mais caros) para os transporte entre as ilhas e o continente.
E na prática? Pior, muito pior. A experiência de utilizador indica prazos muito superiores aos 3 dias uteis para cartas e similares e mais do que 2 semanas para encomendas. Pelo menos todos nós que vivemos nestas ilhas e temos familiares no continente sabemos o que é esperar por uma carta/encomenda pelos aniversários, pelo Natal ou pela Páscoa que agora passou.
Por outro lado, o pesadelo de enviar encomendas para os Açores deve ser semelhante para os continentais, ao ponto de uma compra online puder ter, em muitos casos, um custo de transporte igual ao valor do produto (por exemplo um par de sapatos ou um brinquedo). Há lojas nacionais que nem enviam/vendem para os Açores! Isto ainda piora... Há lojas com presença fisica na região, nomeadamente cadeias de supermercados e tecnologia que não enviam compras online para os Açores! Caimos no ridiculo de ser mais fácil, rápido e até seguro fazer compras numa loja online como a “Amazon” do que nas grandes lojas Portuguesas. Há que dar valor às lojas sediadas em Portugal continental que para cá vendem e asseguram o pós-venda, pois sabemos que não será fácil!
Carissimos leitores, nos dias que correm, e ainda que se dê o desconto da insularidade, simplesmente não é aceitável que se espere tanto tempo por uma carta ou encomenda! Não nos cabe discutir se a tarefa de corrigir o problema cai, por exemplo, no âmbito da responsabilidade de assegurar a continuidade territorial (que tanto gosta o Governo da República de relembrar aos Açorianos), se no Governo dos Açores (definido no Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores – ver por exemplo artigo 56º), ou até de ambos. A nós, cidadãos Praienses, o que nos parece razoável é que se exijam prazos e custos de entrega mais curtos, fiáveis e económicos.
Bem, como esta procissão já vai no adro, temos de terminar, mas não sem antes lembrar que em altura de Páscoa nada está perdido! Ainda no dia 4 de Abril foi Domingo de Festa e Jesus ressuscitou, e, neste espirito cristão de esperança, acreditamos que algum bom governante resolverá este problema (mas não precisa esperar, pode ser já...). Uma coisa é certa, a tradição de transportar encomendas não falta aos Portugueses! Isto é, há 500 anos conseguimos ir em naus para os Açores, para o Brasil e para a India mas no século XXI, com navios e aviões, temos dificuldade em levar um postal aos Açores... Ho’me essa! Aquele Abraço Praiense!
Luis Moniz, Diretor-Adjunto

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