Terminado o mês Fevereiro passou o primeiro trimestre do mandato do XIII Governo dos Açores. Se de uma gestação humana falássemos seria adequado presumir que o pior já passou e que daqui para frente a probabilidade de complicações diminui. Já se fossemos supersticiosos e comparássemos a actuação deste governo regional ao estado da meteorologia desde a tomada de posse estaríamos perante um cenário escuro, frio, ventoso e chuvoso, do tipo filme de terror! Felizmente (ou infelizmente) a vida não é ficção e se ainda apenas passaram três meses, já são cerca de 100 dias, e merecem algumas notas, ainda que muito superficiais e na modesta perspetiva deste Grupo de Praienses.
Em primeiro lugar parece-nos muito cedo para tirar grandes ilações sobre a prestação do governo na sua generalidade. Contudo, e como referimos, poder-se-á fazer alguns comentários gerais. Começando pelo início da legislatura, na sua concepção (que imaginamos complicada), é de louvar o compromisso democrático atingido pelos partidos, numa demonstração de maturidade da política Açoriana, e que, neste caso, permitiu a alternância democrática vital a qualquer democracia. A propósito, deixamos uma pergunta no ar: Uma democracia governada pelo mesmo partido continua uma democracia? Voltando ao tema: Nota-se um claro peso excessivo de partidos (muito) minoritários, e, especialmente nesses casos, aparenta a moda de nomear por cor partidária (à excepção dos cargos de confiança política deveria imperar o critério da competência) … Também constou que houve imposição de quotas de nomeações, e se, por um lado, louvamos o espírito democrático para um governo estável, por outro repudiamos todo o aproveitamento político. Já avisámos antes: Igual por igual, pode voltar a ficar igual!
Por falar em nomeações parece que anda aí uma grande confusão! Para já, há que realçar que existem tantos cargos de nomeação que parece que nem se sabe quantos… Para os aferir três meses é muito, muito pouco (e nem sabemos se uma legislatura dará!). Constou que existe uma quantidade de indivíduos nomeados pelo anterior governo do PS que não se demitiram, criando um imbróglio (des)governamental. Ora, se em alguns casos estão pessoas competentes que merecem ser reconduzidas (mas não auto-reconduzidas), muitos outros existem que tem de ser substituídos. Nem vamos discutir a legalidade da situação, mas, pelo senso comum, uma nomeação política deveria terminar quando termina o mandato político de quem nomeou! Também deveria mandar a integridade e moralidade que um individuo nomeado pusesse o seu lugar à disposição. Pelo contrário, parece que muitos cantam o refrão “Daqui não saio! Daqui ninguém me tira!” ou se mantêm em silêncio na esperança de passar despercebidos. Parece-nos que esta é uma atitude censurável, não admissível democraticamente, de que apenas se espera de boys/girls que mais não tem onde ganhar bons salários… Mau demais para ser verdade, não deve passar de rumores.
Deixamos uma última nota para a evolução positiva da pandemia covid-19 nos Açores, e para o sucesso que esta nova equipa da área da saúde do governo tem conseguido manter. É justo relembrar que este sucesso não apareceu apenas em três meses, mas é também fruto de um trabalho que já vinha sendo feito pelo anterior executivo. De qualquer modo, não deixa de ser extremamente satisfatória e positiva a forma enérgica, comprometida e competente como diversos Praienses lideram e colaboram na Secretaria e Direcção Regionais que tutelam a Saúde, ainda mais tomando posse a meio da crise do coronavírus, com a coragem de a encarar de frente, sem medos, e sobretudo com a confiança e serenidade necessárias. O seu sucesso é o sucesso da saúde dos Açorianos.
Se no início dissemos que o conhecimento popular diz que na gestação humana o primeiro trimestre é o mais perigoso, na analogia deste governo não sabemos se se pode aplicar porque sempre ouvimos dizer isso mas relativamente à normalidade. Ora neste caso, trata-se de um caso atípico de uma gestação de 4 anos, de trigémeos da coligação e uma dupla adopção (de suporte)… Jornal da Praia despede-se relembrando que estamos em tempo da Quaresma em que todos os católicos (e muitos outros cristãos) têm a obrigação de fazer algum tipo de penitência, cada um a seu modo. Quem não for cristão também o pode fazer (especialmente se for político!). Este quinzenário ilhéu, e sua equipa de redacção, despedem-se começando a sua penitência por se desculpar pelas suas falhas e eventuais incorrecções. Este ano, como não tem havido festividades, muitos podem optar pelo jejum como penitência, outros simplesmente optar por ficar mais tempo em casa, e outros por voltar a trabalhar passados vinte anos de nomeações… Aquele abraço Praiense!
Luis Moniz, Diretor-Adjunto